sexta-feira, 18 de julho de 2014

Os Fertilizantes Fosfatados

Ervas da medicina tradicional chinesa são contaminadas por um coquetel tóxico de pesticidas, que representam um risco para a saúde do consumidor e o ambiente, indicou o grupo ambientalista Greenpeace.

  • Novos projetos de investimento na produção de fertilizantes fosfatados devem sair da gaveta em Minas Gerais, num cenário de projeções favoráveis desenhado por empresas como a Vale e a B&A Mineração, colocando o Brasil em evidência no ranking dos grandes fornecedores de alimentos no mundo. 
O diretor de Fertilizantes e Carvão da Vale, Roger Downey, informou ontem que a empresa está em estágio avançado nos estudos da engenharia básica para explorar rochas fosfáticas em Patrocínio, no Noroeste do estado, o chamado projeto Salitre. 
  • Novata no ramo, a B&A Mineração também estuda seu ingresso no segmento de fosfato em Minas, anunciou Eduardo Ledsham, presidente da empresa criada há um ano pelo banco de investimento BTG Pactual e o ex-presidente da Vale Roger Agnelli, sem revelar a região (30/092013).
Ervas tradicionais muito utilizadas como medicinais, na China, podem estar contaminadas com pesticidas, o que representa um grande risco à saúde do homem, segundo estudo realizado por ambientalistas do Greenpeace.
  • Alguns testes realizados nas ervas constataram a presença de quantidade de resíduos de agrotóxicos, bastante superior a centenas de vezes dos padrões de segurança da União Européia.
Essas ervas são usadas, principalmente como complementos alimentares para fins curativos, mas se de fato estiverem contaminadas, podem vir a causar dificuldades de aprendizagem, disfunção hormonal e anomalias reprodutivas.
  • Os estudos do Greenpeace levantam um grande problema que vem ocorrendo na China: o crescimento desenfreado de indústrias de fertilizantes fosfatados, que gera o fosfogesso, como subproduto, que contém substâncias nocivas, além da produção de montanhas de lixo, que acabam por contaminar a região, se não for descartado corretamente.
Os fertilizantes têm se tornado um componente essencial para a comunidade agrícola mundial. Eles são produzidos e usados para aumentar e repor os nutrientes naturais do solo que são perdidos pelo desgaste e erosão. 
  • O crescimento da população e conseqüente aumento na demanda mundial de alimentos, nas últimas décadas, também tem contribuído para o aprimoramento dos recursos disponíveis na agricultura, aumentando o uso de fertilizantes. 
Os fertilizantes comercializados são compostos basicamente de nitrogênio, potássio e fósforo. Os produtos obtidos pela indústria de fertilizantes são o superfosfato normal, superfosfato triplo (SPT), o mono amônio fosfato (MAP), o diamônio fosfato (DAP) e o ácido fosfórico.
  • Destes materiais básicos, centenas de diferentes fórmulas são obtidas para suprir as deficiências e as necessidades de diferentes tipos de solos e sementes(Guimond, 1990).
Porém, a fabricação bem como uso de fertilizantes em quantidades elevadas podem redistribuir alguns elementos que em quantidades acima dos níveis normais no meio ambiente são considerados poluentes.
  • A matéria prima básica utilizada nas indústrias de fertilizantes para a produção de ácido fosfórico e de produtos fosfatados são os minérios apatíticos, provenientes de rochas fosfatadas com alto teor de P2O5, sendo este o componente responsável pela associação existente entre os fertilizantes e as séries naturais dos radioelementos urânio e tório, pois segundo McKelvey e Carswell (1955), os radionuclídeos contidos nos depósitos de fosfatos aumentam com o aumento de P2O5. Habashi (1970) sugere que a radioatividade associada a rocha fosfatada de origem marinha é formada pela adsorção e co-precipitação do urânio com o cálcio.
Na produção de fertilizantes fosfatados, a rocha fosfática é a matéria-prima essencial utilizada pelas indústrias. Como na rocha fosfatada o P2O5 é insolúvel em água, há necessidade de submetê-la ao ataque por ácidos fortes - "acidulação" - com a finalidade de tornar o fósforo solúvel em água e, assim, disponível para as plantas. 
  • É bom lembrar que existem rochas fosfatadas, como Arad, Carolina do Norte, Gafsa e outras que são de origem sedimentar e sua reatividade no solo é maior, de sorte que seu fósforo é aproveitado progressivamente pelas plantas: são os fosfatos naturais"reativos".O ácido fosfórico e os superfosfatos são os principais produtos obtidos na acidulação das rochas fosfatadas.

Produção de fertilizantes fosfatados causa grave poluição na China

Acido Fosfórico:
  • Este produto possui de 52 a 55% de P2O5. Na acidulação da rocha fosfática, utilizando-se uma maior quantidade de ácido sulfúrico, obtém-se o ácido fosfórico e sulfato de cálcio (gesso); o sulfato de cálcio é separado por filtração produzindo, para cada tonelada de P2O5 do ácido fosfórico, em torno de cinco toneladas de gesso. 
Este processo é chamado "processo úmido". E a partir do ácido fosfórico é possível obter-se superfosfato triplo, fosfatos de amônia, e fertilizantes líquidos.
  • É possível, também, produzir ácido de forno elétrico; funde-se a rocha fosfatada com carvão coke e sílica em um forno elétrico. O elemento fósforo obtido é queimado e transformado em ácido fosfórico. Este ácido "puro" é utilizado nas indústrias alimentícias e de detergentes.
Acido Super fosfórico:
  • É um produto mais concentrado, pois possui de 67 a 76% de P2O5. É obtido pela concentração do ácido fosfórico via úmida, ou pela redução do teor de água no ácido obtido via forno elétrico; o produto contém muitos poli fosfatos que apresentam solubilidade mais alta e solubilizam algumas impurezas, quando na produção de fertilizantes fluidos.
Superfosfato simples:
  • Possui 18% de P2O5 solúvel em citrato neutro de amônio (CNA) mais água e 16% de P2O5 solúvel em água; além disto, contém 18 a 20% de cálcio e 10 a 12% de enxofre. Sua produção foi descoberta em 1840 e, portanto, é o fertilizante mais antigo. 
Ainda é muito usado, mas vem perdendo espaço por causa da sua unidade de P2O5 ser a mais cara que os outros fertilizantes fosfatados. A vantagem é que possui enxofre na sua composição química. 
  • É um produto fácil de ser fabricado: mistura-se a rocha fosfatada moída com o ácido sulfúrico, e aguarda-se até que a massa solidifique e cure; completada a reação de "cura", a massa é quebrada. Contém, também, gesso.
Superfosfato triplo:
  • O super triplo contém 41% de P2O5 solúvel em CNA+água, 37% de P2O5 solúvel em água e 12 a 14% de cálcio. A rocha fosfatada é tratada com ácido fosfórico. O processo é semelhante à produção do supersimples, mas o produto tem maior concentração de fósforo devido à utilização do ácido fosfórico que é mais concentrado neste elemento.
Superfosfato amoniados:
  • Tanto os superfosfato simples como o super triplo podem ser tratados com a amônia (NH3) para a obtenção dos fosfatos amoniados.
Fosfatos de Amônia:

O ácido fosfórico combina-se com a amônia para a produção de fosfatos de amônia. Temos dois tipos principais:
  • DAP - diamônio fosfato - possui 16% de N, 45% de P2O5 solúvel em CNA+água, 38% de P2O5 solúvel em água. É muito utilizado nas indústrias de fertilizantes para a formulação de misturas NPK, prontas para aplicação direta no solo.
  • MAP - monoamônio fosfato - possui 9% de N, 48% de P2O5 solúvel em CNA+água, 44% de P2O5 solúvel em água. Como o DAP, também é utilizado pelas indústrias de fertilizantes para a produção de misturas NPK.
São fosfatos de alta concentração de fósforo, alta solubilidade em água, e baixo custo de produção.

Fosfatos parcialmente acidulados:
  • São obtidos pelo tratamento da rocha fosfatada com menores quantidades de ácidos fosfórico ou sulfúrico. Possuem 20% de P2O5 total, 9% de P2O5 solúvel em CNA+água e 5% de P2O5 solúvel em água. Além disto, possuem 25 a 27% de cálcio; zero a 6% de enxofre; e de zero a 2% de magnésio.
Fosfatos naturais reativos:
  • São rochas fosfatadas sedimentares, amorfas, e que através de pesquisas comprovaram a sua eficiência agronômica; são produtos indicados para aplicação direta no solo. 
Os fosfatos reativos não sofrem nenhum tratamento químico com ácidos; sofrem, apenas, uma moagem, que os transforma em pó. Entre os fosfatos naturais reativos temos o Arada (Israel), Carolina do Norte (Estados Unidos da América), 
  • Gafsa (Tunísia-África do Norte) e outros que estão sendo importados e comercializados pelas indústrias de fertilizantes. Os fosfatos naturais reativos devem apresentar garantias mínimas, para comercialização de 28% de P2O5 total, 9% de P2O5 solúvel em ácido cítrico 2% relação 1:100. A relação 1:100 significa 1 g do fosfato diluído em 100 ml de ácido.
No Mercado Comum Europeu, não existe restrições para a comercialização de fosfatos naturais para aplicação direta no solo; para que o fosfato seja considerado reativo: eles exigem que 55% do fósforo total seja solúvel no ácido fórmico 2% relação 1:100. Para eles, o ácido fórmico 2%, 1:100, é o melhor extrator para avaliar fosfatos naturais reativos. 
  • Por exemplo: o fosfato natural de Gafsa possui 28 a 30% de P2O5 total e 24% de fósforo solúvel no ácido fórmico 2% 1:100; ou seja, 80% do seu fósforo total é solúvel no ácido fórmico 2% relação 1:100. A relação 1:100 significa 1 g de fosfato reagindo com 300 ml de ácido fórmico a 2%. Os fosfatos naturais reativos contém de 30 a 34% de Ca; O de Gafsa possui de 30 a 35%.
Termo fosfatos:
  • Os termo fosfatos possuem 17% de P2O5 total, 14% de P2O5 solúvel no ácido cítrico 2% relação 1:100 e 18 a 20% de Ca. A rocha fosfatada é submetida a um tratamento térmico e adição de compostos magnesianos e sílicos. Apresentam, também, características de corretivo de acidez.
Fertilizantes Líquidos:
  • Utiliza-se o ácido fosfórico neutralizado com amônia, enquanto o potássio é adicionado em quantidades adequadas, conforme a formulação do fertilizante.
O Povoado fantasma na China:
  • Vários povoados construídos para as vítimas do terremoto de Wenchuan, de 2008, estão vazios porque ninguém quer viver neles por ficarem perto de montanhas de fosfogesso, um resíduo altamente contaminante, denunciou nesta terça-feira (2) um estudo publicado pelo Greenpeace.
Segundo Lang Xiyu, um especialista chinês da organização meio ambiental, muitos moradores que perderam seus lares no terremoto de cinco anos atrás rejeitaram as novas residências dadas pelas autoridades em um lugar ao lado de montanhas de resíduos às vezes de maior tamanho que a própria cidade reconstruída.
  • Os que vivem perto desses resíduos da produção de fosfatos utilizados como fertilizantes denunciam que “sentem dor” ao beber a água das cercanias e notam uma piora generalizada de sua saúde, segundo disseram em um documentário também apresentado nesta terça-feira pela ONG.
Os “povoados fantasma” – há pelo menos oito núcleos residenciais vazios – são apenas a ponta do iceberg do que, segundo Lang, é “uma indústria de fosfato inchada, que produz mais fertilizantes do que o necessário e que acumulou 300 milhões de toneladas de fosfogesso, o equivalente a 200 kg por cada cidadão chinês”.
  • A China é a maior fabricante mundial de fosfato, utilizado principalmente como fertilizante e que causou problemas ambientais especialmente no sul do país, segundo estudo do Greenpeace elaborado após meses de trabalho de campo em 2012.
Sichuan, a província na qual 90 mil pessoas morreram em um dos piores terremotos da história, o ocorrido em março de 2008, é também a zona mais afetada por esta contaminação, um caso a mais em um país que sofre uma grave degradação ambiental por sua rápida e em algumas ocasiões descontrolada industrialização.
  • O relatório do Greenpeace se concentrou no estudo de cidades da província afetadas por esta contaminação, porque Sichuan é uma das principais produtoras de fosfato, embora esta indústria esteja representada em todo o país, estendendo também o problema de seus resíduos.
Lang afirmou à Agência EFE que, por enquanto, o relatório se centrou nos danos ao meio ambiente, por isso não há ainda estudos médicos que demonstrem uma relação direta entre os resíduos e os casos de doenças, como o câncer, nas zonas afetadas, mas declarou que se trata de material tóxico suscetível de ser muito prejudicial à saúde.
  • “Nove amostras revelaram a presença de metais pesados como arsênico, cádmio, cromo e mercúrio”, explicou o especialista, que denunciou que muitas empresas descumprem as leis chinesas que proíbem depositar estes resíduos a menos de 800 metros de áreas residenciais.
“Em alguns casos só há dezenas de metros de distância, sem cerca protetora alguma”, afirmou, evidenciando que em alguns casos a montanha de resíduos está às margens de rios que abastecem de água centenas de povoados.

China já acumulou ao menos 300 milhões de toneladas de fosfogesso