sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Outros Minerais Estratégicos

Outros Minerais Estratégicos - (Metais do Grupo Platina)

  • Os Metais do Grupo Platina (MGP) referem-se a um grupo de 6 elementos da tabela periódica: rutênio, ródio, paládio, ósmio, irídio e platina. Eles apresentam propriedades físicas e químicas similares e tendem a ocorrer nos mesmos depósitos minerais. De acordo com o DNPM (2013), as reservas mundiais dos MGP estão estimadas em, aproximadamente, 66 mil toneladas. 
As maiores reservas concentram-se na África do Sul (95,5%), localizadas no Complexo de Bushveld, totalizando 10 minas em atividade situadas em Merensky Reef, UG2 Chromite Layer e Platreef. A segunda maior reserva mundial encontra-se na Rússia, em Noril’sk-Talnakh, e representa cerca de 1,7% do total. Em 2012, a produção mundial de platina totalizou 179 toneladas, representando decréscimo de 8,21% em relação ao ano anterior. 
  • A produção de paládio foi de 200 toneladas, com decréscimo de 6,98%. A África do Sul foi o principal produtor mundial de platina, tendo participado com 72% do volume total. A Rússia foi o maior produtor de paládio com participação de 41% na produção global.
As reservas brasileiras lavráveis de platina e paládio, em 2012, continuaram estáveis em relação ao exercício anterior, apresentando 5,58 toneladas e 8,21 toneladas de minério contido, respectivamente, localizadas no estado do Pará. 
  • Em 2011, a China manteve-se como o maior consumidor mundial de platina. A demanda líquida chinesa foi de 1,325 milhão de onças, 10% maior que no ano anterior. As importações chinesas de platina foram expressivas nesse ano. 
O mercado da joalheria chinesa de platina cresceu substancialmente, que também ocorreu na indústria automobilística, que usa o metal para reduzir emissões de carbono e de gases de efeito estufa nos conversores catalíticos. Estima-se que 75% da demanda da joalheria, em 2010, vieram desse país. Em 2012, poderá haver um déficit de oferta.
  • Na China, o crescimento da classe média está levando ao aumento da produção de automóveis, que usam platina, paládio e ródio em catalizadores para sistemas de exaustão.
Apesar da ênfase no desenvolvimento de carros elétricos e de novos catalisadores, padrões de emissão mais rígidos estão levando a um maior consumo dos MGPs. Estima-se que, na China, metade dos veículos convencionais utilizam motores a gasolina, sendo a outra metade produzida com motores a diesel. 
  • Nos motores a gasolina, usa-se mais paládio, enquanto mais platina é usada nos catalisadores para motores a diesel. Os veículos com célula a combustível normalmente usam uma membrana eletrolítica polimérica que pode necessitar de platina.
Molibdênio:
  • O molibdênio é um metal de transição muito usado na forma de ligas metálicas, principalmente no aço. Em termos geológicos, o molibdênio ocorre principalmente como sulfeto de molibdênio (molibdenita), com teores de 0,01% a 0,5% em depósitos tipo molibdênio pórfiro ou como subproduto de minérios de cobre pórfiro. Outras formas de mineralizações com expressão econômica estão associadas a greisens ou escarnitos.
Aproximadamente dois terços do molibdênio consumido são empregados em ligas metálicas de alta resistência, que suportam temperaturas elevadas e resistem à corrosão, usadas, por exemplo, na fabricação de peças para aviões e automóveis. Na indústria petroquímica, é usado como catalisador. O Mo-99 é empregado na indústria de isótopos nucleares.
  • O molibdênio também é empregado em diversos pigmentos para pinturas, tintas, plásticos, compostos de borracha e em algumas aplicações eletrônicas, como nas telas de projeção do tipo transistor de tela fina. 
Na forma de fios podem ser utilizados para usinagem por eletroerosão de corte a fio. O dissulfeto de molibdênio é um bom lubrificante e pode ser empregado em altas temperaturas. Segundo Roskill, os principais indutores do consumo de molibdênio têm sido os seguintes:
  • Aumento do uso de aços inoxidáveis e de outros tipos de aço com molibdênio em unidades de geração de energia e de dessalinização;
  • Maior uso em aços de alta resistência em dutos e motores veiculares;
  • Uso de molibdênio em aços aplicados em colunas e brocas de perfuração de poços de petróleo a grandes profundidades;
  • Aumento do uso em componentes de usinas nucleares que demandam aços inoxidáveis especiais;
  • Demanda por catalisadores de níquel-molibdênio e cobalto-molibdênio usados na produção de óleo diesel de baixo teor de enxofre.
De acordo com o DNPM (2013), as reservas mundiais de molibdênio, em 2012, totalizaram 11 milhões de toneladas. Segundo o United States Geological Survey – USGS, estas reservas tiveram um acréscimo de 10% entre 2011 e 2012 devido, principalmente, ao aumento das reservas do Chile. 
  • As reservas de molibdênio no Brasil são restritas e descritas na literatura como associadas a escarnitos (RN e PB), mineralizações com urânio (MG, SC), sub ou coproduto em pegmatitos (BA), depósitos em granitos (SC, RS, RR) e epitermais (PA), destacando a sua presença nos depósitos de cobre de Salobo e Breves (PA). A produção mundial totalizou 252.350 toneladas, apresentando queda de 4,4% em comparação com a produção de 2011, concentrada nas Américas do Norte e do Sul, além da Ásia.
Em 2010, a China classificou o molibdênio como “recurso mineral nacional”, limitando a mineração e as exportações desse metal. Em 2007, a China já tinha estabelecido cotas de exportação para o molibdênio. Com essa classificação, passou a ser maior ainda o controle sobre sua mineração.
  • A China tem cerca de 41,6% das reservas mundiais de molibdênio, sendo o maior produtor mundial. Os projetos chineses de infraestrutura, como pontes, dutos e unidades de geração de energia, consomem grandes quantidades de molibdênio, pois necessitam de aços especiais. Importa registrar que as usinas nucleares também são grandes demandantes.
Em 2012, a China produziu 105 mil toneladas de molibdênio, sendo responsável por 41,6% da produção mundial. O país manteve-se como o maior produtor e consumidor mundial de molibdênio em 2011. 
  • A partir de 2008, a diferença entre a oferta e a demanda tem diminuído como consequência de um maior crescimento da demanda que da oferta. Em 2009, a China tornou-se um importador líquido, devido principalmente à inversão dos preços domésticos e externos.
Produtos de alto valor agregado representam uma pequena parcela entre os produtos chineses contendo molibdênio. No momento, os produtos chineses são dominados por produtos primários, tais como ferro-molibdênio e concentrado de molibdênio. Os produtos de alto valor agregado, como produtos químicos e metais, representam uma parcela de 30%.
  • A empresa estatal China Molybdenum Company Limited é a maior produtora de molibdênio na China e também produtora de tungstênio. Em 2007, ela foi listada na Bolsa de Valores de Hong Kong, sendo a empresa com a maior valorização a partir do primeiro dia de negociação.
As empresas Jinduicheng Molybdenum Stock Co., Ltd. e Luoyang Molybdenum Industry Company possuem suas próprias minas, com alta taxa de autossuficiência e com produtos cobrindo toda a cadeia produtiva, o que gera maior rentabilidade.
  • Empresas como a Xinhualong Molybdenum Industry e a Wanxin Tungsten-Molybdenum, como não são autossuficientes, dedicam-se mais a produtos fundidos e ao downstream. Apesar do alto faturamento, apresentam menor rentabilidade, sendo a margem líquida de cerca de 2,7%.
Companhias como a Daheishan Mining Industry detêm abundantes reservas, mas são deficientes na fundição e no processamento. Apesar de estarem focadas no upstream, apresentam alta rentabilidade, com margem líquida de 19,6%.

Nióbio:
  • O nióbio é um metal utilizado na composição de ligas metálicas que apresentam resistência e leveza. Ele é considerado estratégico em certos setores como a indústria aeronáutica, naval e espacial, além da automobilística. É encontrado em minerais tais como niobita (columbita), niobita-tantalita, pirocloro e euxenita. Geralmente, os minerais com nióbio contêm também o tântalo.
O nióbio apresenta numerosas aplicações, sendo usado em alguns aços inoxidáveis e até em ligas de metais não-ferrosos. Ligas com nióbio, devido à resistência, são usadas para a fabricação de tubos transportadores de água e petróleo a longas distâncias. Outras aplicações incluem o uso em indústrias nucleares devido a sua baixa captura de nêutrons termais e em soldas elétricas. 
  • Grandes quantidades de nióbio são utilizadas em superligas para fabricação de componentes de motores de jatos e subconjuntos de foguetes. Pesquisas avançadas com nióbio foram realizadas no âmbito do programa Gemini. O nióbio está sendo avaliado como uma alternativa ao tântalo para a utilização em capacitores. O nióbio converte-se em supercondutor quando submetido a temperaturas criogênicas.
Na pressão atmosférica e quando puro, tem a mais alta temperatura crítica entre os supercondutores de tipo I18. Além disso, é um elemento presente em ligas de supercondutores do tipo II.
  • De acordo com o DNPM (2013), o Brasil possui as maiores reservas mundiais de nióbio, seguido por Canadá, Austrália, Egito, República Democrática do Congo, Groenlândia (território pertencente à Dinamarca), Rússia, Finlândia dentre outros. É também o maior produtor mundial da substância, sendo responsável por mais de 95% do total mundial.
No Brasil, as reservas lavráveis de nióbio estão localizadas nos estados de Minas Gerais, Amazonas, Goiás, Rondônia e Paraíba. Em Minas Gerais, as principais reservas encontram-se em Araxá, com uma reserva lavrável de 400,7 milhões de toneladas de minério de pirocloro [(Na,Ca)2Nb2O6(OH,F)]. 
  • Em Goiás, as principais reservas estão em Catalão, com reserva lavrável de 95,7 milhões de toneladas de minério pirocloro; no Amazonas, destaca-se o depósito de Pitinga, com uma reserva lavrável de 170,2 milhões de toneladas de minério columbita-tantalita. No estado de Rondônia, as reservas lavráveis são de 5,8 milhões de toneladas, com teores, em média, de 0,23% a 1,85% de Nb2O5 contido.
Os estados de Minas Gerais e de Goiás são os maiores produtores. A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração – CBMM é o maior complexo minero-industrial de nióbio de todo o mundo, localizado em Araxá (MG). As jazidas de nióbio pertencentes à Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais – Codemig, empresa pública constituída na forma de sociedade anônima e controlada pelo estado de Minas Gerais e à CBMM, estão arrendadas à Comipa, empresa criada para gerenciar jazidas de nióbio pertencentes às duas companhias. O nióbio produzido em Araxá responde por 75% de toda a produção mundial e as reservas dessa cidade são suficientes para um período de extração superior a 400 anos.
  • A CBMM extrai, processa, fabrica e comercializa produtos à base de nióbio. Uma Conta de Participação nos Lucros entre a Codemig e a CBMM garante a exploração racional do depósito de nióbio. O contrato concede 25% de participação nos lucros operacionais da CBMM ao Governo do estado de Minas Gerais.
Segundo Bethel e Ku, a China ocupa um papel de destaque no crescimento das aplicações do nióbio, principalmente na produção de aços, e é o principal mercado para o nióbio no mundo, consumindo cerca de 25% de todo o ferro-nióbio produzido, sendo um percentual baixíssimo produzido no próprio país. Assim, a China tem sido o principal importador de nióbio nos últimos anos, importando cerca de 94% de suas necessidades do Brasil.
  • Em razão da importância estratégica do nióbio, o Brasil criou tecnologias para sua produção nos últimos 60 anos. Devido à dificuldade de desenvolver a cadeia produtiva desse elemento na China, um consórcio chinês, formado pelas empresas estatais Baosteel, Taiyuan Iron & Steel Group e Grupo CITIC, adquiriu 15% do capital da CBMM, em setembro de 2011, por US$ 1,95 bilhão.
Alguns analistas questionaram os interesses estratégicos brasileiros após o repasse desse percentual para a China e recomendaram que o Brasil desse mais importância às suas reservas de tão estratégico metal.
  • Mas não é somente o consórcio chinês que demonstrou interesse no nióbio brasileiro. Em março de 2011, Japão e Coreia do Sul formaram um consórcio de companhias, composto pela JFE Holdings, Nippon Steel e Posco, entre outras, e adquiriram 15% da CBMM por US$ 1,8 bilhão.
Níquel:
  • O níquel é um metal de transição raro na crosta terrestre. É condutor de eletricidade e calor, dúctil e maleável, porém não pode ser laminado, polido ou forjado facilmente, apresentando certo caráter ferromagnético. 
É encontrado em diversos minerais e em meteoritos. Importa destacar sua resistência à corrosão, sendo utilizado como revestimento a partir da eletrodeposição. O metal e algumas de suas ligas metálicas, como o monel, são utilizados em motores marítimos e na indústria química. 
  • Aproximadamente 65% do níquel produzido são empregados na fabricação de aço inoxidável, 12% em superligas e cerca de 23% na produção de outras ligas metálicas, baterias recarregáveis, cunhagens de moedas, revestimentos metálicos e fundição. A liga níquel-titânio, denominada nitinol-55, apresenta o fenômeno memória de forma e é usada em robótica. Também existem ligas que apresentam alta elasticidade.
Na economia verde, pode-se destacar o uso de níquel em baterias para veículos elétricos, incluindo-se a bateria NiMH e um tipo de bateria de íons de lítio que contém lítio, níquel, cobalto, alumínio e grafita. O níquel também é utilizado em catalisadores.
  • De acordo com o DNPM (2013), apesar da redução nas reservas de níquel da Austrália em 2011, justificada pelo aumento de sua produção, houve uma expansão em 52,8% da oferta do metal na Colômbia, contribuindo para o crescimento das reservas mundiais em 14,3% em relação ao ano anterior. O Brasil manteve-se na 3ª posição no ranking internacional. A evolução da produção mundial nos últimos três anos foi de 37,9%, superior à do Brasil, que teve crescimento de 28%.
Em 2010, a China apresentava poucos depósitos de níquel, sendo 90% deles encontrados em depósitos de sulfeto de cobre-níquel (USGS, 2010). 
  • Os depósitos de níquel foram descobertos na Região Autônoma de Xinjiang e nas províncias de Gansu, Hubei, Jilin, Sichuan e Yunnan. Em 2010, o país produziu menos de 100 mil toneladas e consumiu cerca de 580 mil toneladas.
Devido ao alto valor do níquel refinado e à expansão da produção de aço inoxidável, a China importou grandes volumes de minério em substituição ao níquel refinado. Em 2010, as importações de níquel refinado foram de 181,5 mil toneladas; as exportações totalizaram 53,2 mil toneladas.
  • A produção chinesa de aço inoxidável aumentou de 4,6 milhões de toneladas em 2005 para 8,8 milhões de toneladas em 2009. Em 2010, estima-se que a produção de aço inoxidável tenha atingido 10 milhões de toneladas. Na China, cerca de 70% do níquel é consumido pela indústria de aço inoxidável.
Em 2010, a China importou aproximadamente 24,5 milhões de toneladas de minério da Indonésia e Filipinas, o que representou cerca de 90% das importações. Admitindo-se que esse minério tenha um teor médio de níquel de 1,5%, cerca de 360 mil toneladas de níquel foram fornecidas para o mercado doméstico. 
  • Apesar de não ter um relatório confiável sobre a produção de barras de ferro gusa com níquel, analistas domésticos estimam que a quantidade de níquel em ferro gusa foi de 160 mil toneladas. Na China, o ferro gusa com níquel é produzido em alto-forno e em forno a arco submerso.
No alto-forno, o coque é usado como agente redutor, com o produto apresentando elevados teores de fósforo e enxofre. Esse processo pode ser usado para minérios com alto teor de ferro e baixos teores de magnésio. Se o minério tiver 1,5% de níquel e 35% de ferro, o ferro gusa apresentará um teor de aproximadamente 4%. O coque também é usado como agente redutor em fornos a arco submersos, indicados para minérios com alto teor de magnésio e baixo teor de ferro. Nesse caso, o teor de níquel pode chegar a 20%.
  • A estagnação das empresas produtoras de aço inoxidável na América e na Europa fez com que essa indústria fosse transferida para outros países, especialmente para a China. Em 2011, a produção chinesa de aço inoxidável representou 49% do total mundial.

Outros Minerais Estratégicos - (Metais do Grupo Platina)
Tântalo:
  • O tântalo é um metal de transição raro, pesado, dúctil, muito duro, resistente à corrosão por ácidos e bom condutor de calor e eletricidade. É encontrado principalmente na tantalita, euxenita e outros minerais como a samarskita e a fergusonita. A tantalita é encontrada, na maioria das vezes, em composição com a columbita.
Em temperaturas abaixo de 150ºC, o tântalo é quase completamente imune ao ataque químico. Somente é atacado pelo ácido fluorídrico ou mediante fusão alcalina. O elemento tem um ponto de fusão apenas menor que o do tungstênio e do rênio.
  • O tântalo tem a maior capacitância por volume entre todas as substâncias. Seu principal uso é na produção de componentes eletrônicos, principalmente capacitores, que são muito pequenos em relação a sua capacidade. Cerca de metade da produção mundial de tântalo destina-se à fabricação de capacitores. Os principais usos do tântalo incluem telefones, computadores pessoais e produtos eletrônicos automotivos.
Também é usado para produzir uma série de ligas que possuem altos pontos de fusão, alta resistência e boa ductilidade. O tântalo de carbono, um tipo de carbeto muito duro, é usado para produzir ferramentas de cortes, furadeiras e máquinas trefiladoras. Em superligas, é usado para produzir componentes de motores de jatos, equipamentos para processos químicos, peças de mísseis e reatores nucleares.
  • Por ser não irritante e imune à ação dos fluidos corporais, é usado em equipamentos e implantes cirúrgicos na medicina e odontologia. Seu óxido é usado para elevar o índice de refração de vidros especiais para lentes de câmera.
Segundo dados do DNPM (2013), em 2012, as reservas brasileiras de tântalo estão localizadas principalmente na Mina do Pitinga, localizada no município de Presidente Figueiredo (AM), de propriedade do grupo peruano MINSUR S.A. As reservas lavráveis nesta mina são de cerca 175 mil toneladas de minério (columbita-tantalita), com 35 mil toneladas de Ta2O5 contido, ocorrendo ainda criolita (Na3AlF6) e outros minerais portadores de lítio, ítrio, urânio, tório e zircônio, dentre outros.
  • Também existem ocorrências relacionadas à Província Pegmatítica de Borborema, situada na região Nordeste, destacando-se os estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Na Bahia, as ocorrências estão associadas a xistos e pegmatitos da Faixa de Dobramentos Araçuaí. 
No estado do Amazonas, podem ser citadas inúmeras ocorrências no Alto e Médio Rio Negro, situadas nos municípios de Barcelos e São Gabriel da Cocheira. Existem também ocorrências nos estados de Roraima, Rondônia, Amapá, Minas Gerais e Goiás.
  • O Brasil é o segundo principal produtor da substância, com 16,8% da produção mundial, atrás apenas de Moçambique, com 37% do total, tendo a produção mundial, em 2012, diminuído 2,9% em relação a 2011. 
No mercado mundial destacam-se também as produções de Congo (Kinshasa) e de Ruanda. Adicionalmente, o mercado é abastecido por materiais reciclados (20%-25%) e por minérios da Rússia, do sudeste da Ásia e pelo ‘coltan’ (columbita-tantalita) derivado de áreas de conflitos étnicos de países da África Central (Kivu, na RD Congo, militarmente ocupado por Ruanda e Uganda, desde 1998), denominado de ‘tântalo de sangue’ (tantalum blood), como analogia ao diamond blood, expressão que ficou conhecida com o aproveitamento ilegal em alguns países da África. 
  • Nos Estados Unidos, o consumo aparente de tântalo foi estimado em menos da metade do consumido em 2011. As importações dos Estados Unidos tiveram origem nos seguintes países: concentrado de minério de tântalo – 54% da Austrália, 22% de Moçambique e 19% do Canadá; metal – 31% da China, 27% do Cazaquistão e 14% da Alemanha; resíduos e sucatas – 22% da Estônia, 14% da Rússia e 12% do México.
A China importa cerca de 80% das matérias-primas com tântalo para atender seu consumo. O processamento doméstico de tântalo é restringido, pois são grandes as incertezas de fornecimento de matérias-primas por parte de outros países.
  • Apesar disso, a China conta com a Ningxia Orient Tantalum Industry, que é um dos principais fabricantes de tântalo do mundo. A empresa estabeleceu uma relação de longo prazo com a Yichun Tantalum & Niobium Mine, a maior mina na China, e celebrou grandes acordos com mineradores na América do Sul e com fornecedores da África para suprir necessidades de curto prazo.
Estabeleceu-se como uma fundidora de tântalo, berilo e nióbio e como um centro de pesquisa, que pertencia à Beijing Non-ferrous Metals Research Institute, instituição nacional estratégica de alta tecnologia. Atualmente, é a maior base de produção de produtos de tântalo e nióbio na China, possuindo um Centro de Pesquisa em Nióbio e Tântalo.
  • As vendas realizadas pela empresa de pó de tântalo grau capacitor e de arame de tântalo representam 70% do mercado chinês. Esses materiais, além de ligas de nióbio, materiais e produtos para processamento, entre outros, têm sido exportados para os Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão e Coreia. Além disso, a companhia estabeleceu uma boa relação com os fabricantes de capacitores de tântalo.
Titânio:
  • O titânio é um elemento metálico muito conhecido por sua excelente resistência à corrosão e por sua grande resistência mecânica. Possui baixa condutividade térmica e elétrica e é um metal leve, tendo 40% da densidade do aço. Quando puro, é bem dúctil e fácil de trabalhar. O alto ponto de fusão faz com que seja útil como um metal refratário. O titânio é 60% mais pesado que o alumínio, porém duas vezes mais resistente.
Mesmo não sendo encontrado livre na natureza, está em nono lugar em abundância na crosta terrestre e encontra-se presente na maioria das rochas ígneas e sedimentos derivados dessas rochas. É achado principalmente na ilmenita, leucoxena e rutilo. Também ocorre como óxidos de titânio em minas de ferro.
  • O titânio metálico é produzido comercialmente a partir da redução do tetracloreto de titânio com magnésio a 800ºC em atmosfera de argônio. Em presença do ar reagiria com o nitrogênio e oxigênio. Este processo, desenvolvido por William Justin Kroll em 1946, é conhecido como “processo Kroll”. Desse modo, é obtido um produto poroso conhecido como esponja de titânio que, posteriormente, é purificado para a obtenção do produto comercial.
Na forma de metal e suas ligas, cerca de 60% do titânio é utilizado nas indústrias aeronáutica e aeroespacial. Na indústria naval, é empregado em equipamentos submarinos e de dessalinização de água do mar; na indústria aeronáutica, é usado na fabricação das pás da turbina dos turbofans, turbojatos e turbo-hélice; na indústria nuclear, é empregado na fabricação de recuperadores de calor; na indústria bélica, é sempre empregado na  fabricação de mísseis e peças de artilharia; na indústria metalúrgica, é usado em ligas com cobre, alumínio, vanádio e níquel.
  • De acordo com o DNPM (2013), a produção mundial de concentrado de titânio (TiO2) em 2012 foi de 7 milhões de toneladas, um aumento de 4,5% em relação a 2011.
Cerca de 88% da produção mundial de titânio é obtida da ilmenita, mineral de titânio de ocorrência mais comum, enquanto que o restante vem do rutilo, mineral com maior teor, porém mais escasso. As reservas na forma de ilmenita e rutilo totalizam aproximadamente 651 milhões de toneladas, sendo mais de 60% das reservas localizadas na China, Austrália e Índia. 
  • As reservas lavráveis brasileiras de ilmenita e rutilo totalizam 2 milhões de toneladas e representam menos de 0,3% das reservas mundiais. Os maiores produtores mundiais de concentrado de titânio são Austrália, África do Sul, Canadá e China. O Brasil é o maior produtor da América Latina, com 1% da produção mundial de titânio em 2012.
A China é o maior produtor mundial de titânio. A produção chinesa de esponja de titânio atingiu 57,7 mil toneladas em 2010, o que representou 37,4% da produção mundial. A capacidade de produtos manufaturados atingiu 38,3 mil toneladas, cobrindo 34,3% do total mundial. Em termos de esponja de titânio, Estados Unidos, Europa e Coreia do Sul são os principais destinos das exportações chinesas.
  • Produtos de titânio manufaturados contam com grande capacidade instalada na China, mas as capacidades de produção de chapas finas e de tubos soldados estão longe de serem suficientes. No caso dos produtos finais para a indústria aeroespacial, a empresa Baoji Titanium é a única fornecedora do mercado chinês. Ela também é a única exportadora de produtos espaciais.
A Baoji Titanium, uma das líderes mundiais de ligas de titânio, tem cerca de 40% do mercado doméstico e acima de 95% do mercado militar. Restringidas pela capacidade e por questões tecnológicas, outras empresas, como a Western Metal Materials, Western Superconducting Technologies, Beijing Zhongbei Titanium and Baosteel Special Steel, são menos competitivas.
  • A empresa é avaliada e aprovada pelas maiores empresas aeroespaciais, como a Boeing, Goodrich, Airbus, Rolls Royce, Aubert & Duval, Snecma e Bombardier. Seus produtos podem ser fabricados e certificados de acordo com muitas normas, tais como ASTM, MAS, AME, JIS, ASME e também de acordo com exigências específicas.
Tungstênio:
  • O tungstênio é um metal encontrado na natureza somente associado com outros elementos químicos. Os minérios mais importantes são a volframita e a scheelita. O elemento livre é notável pela sua robustez, especialmente pelo fato de possuir o mais alto ponto de fusão de todos os metais e o segundo mais alto entre todos os elementos, a seguir ao carbono. 
Também notável é a sua alta densidade, 19,3 vezes maior que a da água, comparável às do urânio e ouro, e mais alta que a do chumbo. O tungstênio, com pequenas quantidades de impurezas, é frequentemente frágil e duro, tornando-o difícil de trabalhar. Quando puro é mais dútil e pode ser cortado com uma serra de metais.
  • A forma elementar desse metal é usada, sobretudo, em aplicações eletrônicas. As ligas de tungstênio têm numerosas aplicações, destacando-se os filamentos de lâmpadas incandescentes, tubos de raios X e superligas. Sua dureza e elevada densidade tornam-no útil em aplicações militares como projéteis penetrantes. 
Os compostos de tungstênio são geralmente usados industrialmente como catalisadores. Embora existam substitutos, o tungstênio é utilizado na fabricação de caixas pretas de avião, nas brocas das sondas de perfuração de petróleo em águas profundas, na indústria metalúrgica, em lâmpadas e até na esfera da caneta esferográfica.
  • O básico substrato de arame para semicondutores de alta temperatura é o níquel e o tungstênio. Os semicondutores de alta temperatura podem substituir os arames de cobre convencionais encontrados em enrolamentos de eletroímãs, motores e geradores elétricos. O W é paramagnético, entretanto resultados teóricos sugerem grande melhoria nas propriedades magnéticas quando adicionado ao ferro e cobalto.
De acordo com o DNPM (2013), em 2012, as reservas mundiais de tungstênio eram de 3,2 milhões de toneladas. A China possui a maior parte desse recurso mineral com mais de 60% das reservas mundiais. Além disso, nesse ano, a China foi responsável por 84,9% da produção mundial de tungstênio, o que a coloca em uma situação similar à dos terras-raras.
  • O Brasil possui menos de 1% das reservas mundiais desse minério. O estado do Rio Grande do Norte concentra a maior parte das reservas do país. Em 2012, as reservas lavráveis de scheelita nesse estado totalizaram 22,5 mil toneladas de tungstênio contido, com teores de WO3 variáveis entre 0,11% e 0,89%. As reservas lavráveis de wolframita localizadas no estado do Pará somaram 1,3 mil toneladas de tungstênio contido, com teor de 0,63% de WO3. 
Todavia, sabe-se que as reservas nacionais são maiores e estão presentes em mais estados, como por exemplo: Paraíba, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo. A China, como maior produtor e consumidor mundial desse insumo, é o principal formador de preços no mercado internacional. 
  • Nos últimos anos, a elevação dos preços do metal decorrente da regulação da indústria de tungstênio pelo governo da China reduziu a oferta mundial do metal. Assim, muitas empresas de outras regiões têm trabalhado para desenvolver novos depósitos ou para reativar minas paralisadas.
Vanádio:
  • O principal uso do vanádio é em ligas de alta resistência e como catalizador na produção de ácido sulfúrico. O vanádio pode ser obtido em diversos depósitos naturais, incluindo rochas fosfáticas, magnetita titanífera e areias uraníferas. Grande quantidade de vanádio também é encontrada na bauxita e em materiais carboníferos. Contudo, a maior parte da produção ocorre como subproduto ou coproduto de outros minérios.
O vanádio é predominantemente utilizado como aditivo para aumento da resistência do aço e de algumas formas de ferro. Aproximadamente 85% são usados na indústria de aços especiais. Outros 10% decorrem do uso como elemento de liga com titânio. Outros usos incluem a produção de catalisadores, ácido sulfúrico, cerâmica e vidros.
  • Também pode ser muito útil no avanço da tecnologia de baterias. Tanto as baterias de íons de lítio quanto as redox, para uso em redes de energia, beneficiam-se muito do uso do vanádio. Como agente anticorrosivo, pode ser usado em um grande conjunto de materiais como superímãs de terras-raras. Esses novos desenvolvimentos em energia alternativa e tecnologia limpa poderão ter um grande impacto na demanda de vanádio ao longo das próximas décadas.
De acordo com o DNPM (2013), as reservas lavráveis brasileiras de vanádio, em metal contido, correspondem a 175 mil toneladas de V2O5, com teor médio de 1,34%. O município de Maracás, no estado da Bahia, concentra a principal reserva de vanádio no Brasil, o qual ocorre associado a ferro e titânio.
  • O Projeto Vanádio de Maracás possui vanádio com grau muito elevado e está posicionado para ser importante produtor mundial. A Largo Resources, empresa canadense, detém 100% do projeto e do financiamento e as licenças estão em vigor.
Essa empresa tem contrato de take-or-pay off-take com Glencore International Plc. para 100% de seu material de vanádio por seis anos, que entra em vigor no início da produção, ocorrida em maio de 2014.
  • A produção média anual está estimada em 11,4 mil toneladas de óxido de vanádio, V2O5, com vida útil da mina estimada em 29 anos. A Largo Resources almeja produzir 7,5% da oferta global de vanádio para fabricação de aço dentro de um ano. A mina vai ser explorada a partir de investimentos de R$ 555 milhões, provenientes de uma combinação de capital levantado pela Largo Resources da Toronto Venture Stock Exchange e financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Social – BNDES.
Há um enorme potencial para a expansão das reservas e das taxas de produção. A empresa espera expandir suas operações na Bahia e conquistar até 40% do mercado mundial de vanádio na próxima década.
  • Em 2012, as reservas mundiais, em termos de metal contido, corresponderam a 13,8 milhões de toneladas, sendo que as reservas brasileiras representaram 1,27% deste total. As maiores reservas no mundo, que estão sendo lavradas, localizam-se na China, Rússia e África do Sul. Em 2012, a produção mundial de minério, em que o vanádio ocorre como coproduto ou subproduto, atingiu 62,9 mil toneladas, um discreto crescimento de 0,77% em relação ao ano anterior. A África do Sul, China e Rússia abastecem o mercado mundial com 98,41% do total produzido. Não existe produção de vanádio no Brasil na forma de metal.
Em 2010, a China liderou a indústria de vanádio com uma parcela de 38,2% na produção mundial. A África do Sul ficou em segundo lugar, com parcela de 33,3%. Como o vanádio pode ser recuperado como subproduto ou coproduto, as reservas estimadas não são totalmente indicativas da oferta disponível.
  • O uso final do vanádio condiciona sua produção: óxido de vanádio para aplicações químicas ou ferro-vanádio para aços. Um terço da oferta é obtido a partir de produto primário e a oferta restante é recuperada de cinza volante, proveniente da queima do carvão mineral, e do refino de petróleo, que são de cara extração.
Poucos grandes produtores controlam o mercado: Evraz, com operações na África do Sul por meio de sua subsidiária Highveld Steel and Vanadium; Xstrata, que opera a mina de vanádio de Rhovan na África do Sul; e a Panzhihua New Steel and Vanadium, que é parte da companhia Panzhihua Iron and Steel e opera na Província de Sichuan na China.
  • Na China, formou-se um polo industrial de vanádio que inclui dezessete empresas estatais e privadas. Uma grande variedade de produtos pode ser fornecida, tais como vanádio de escória, óxidos de vanádio, nitreto de vanádio, ferro-vanádio, o que torna Panzhihua a primeira base de produção na China e a segunda no mundo, com uma parcela de 74% na China e 18% no mercado mundial. 
Cerca de 945 prêmios por atividades em ciência e tecnologia nos setores de vanádio e titânio foram conquistados pela China. A Panzhihua New Steel and Vanadium é a terceira maior produtora mundial de trilhos para trens de alta velocidade.

Outros Minerais Estratégicos - (Metais do Grupo Platina)