sábado, 10 de janeiro de 2015

Ruta graveolens - Arruda

Ruta graveolens - Arruda - Em flor

  • A arruda (Ruta graveolens) é uma planta da família das Rutáceas.Também é denominada como arruda-fedida, arruda-doméstica, arruda-dos-jardins, ruta-de-cheiro-forte.
Subarbusto muito cultivado nos jardins em todo o mundo, devido às suas folhas, fortemente aromáticas. Atinge até um metro de altura, apresentando haste lenhosa, ramificada desde a base. As folhas são alternas, pecioladas, carnudas, glaucas, compostas, de até 15 cm de comprimento. As flores são pequenas e amareladas. O fruto é capsular, de quatro ou cinco lobos, salientes e rugosos, abrindo-se superior e inteiramente em quatro ou cinco valvas. 
  • A medicina popular indica-a nos casos de supressão da menstruação, por seu efeito fortemente emenagogo. Também possui efeitos abortivos, por causar fortes contrações uterinas que, por sua vez, podem provocar graves hemorragias, aborto e até a morte da mulher. Suas folhas são utilizadas como chá com fins calmantes. Na forma de infusão (20 gramas para um litro de água), ou empregando-se as folhas secas em pó, combate os piolhos. 
Uma crença popular de raiz africana, remontando aos tempos coloniais, dita que os homens usem um pequeno galho de folhas por cima de uma orelha, ou que um galho das mesmas seja mantida no ambiente, para espantar maus espíritos.Desde a antiga Grécia, era usada para afastar doenças contagiosas. Os escravos africanos usavam-na contra mau-olhado. A igreja, no início da era cristão, fazia raminhos de arruda para espargir água-benta nos fiéis.Na antiga Roma a arruda (ou alguma das espécies do gênero Ruta) era usada como tempero para carnes. 
  • É uma planta muito sensível, já foi notado que não se desenvolve facilmente em certos lugares, existem pessoas que tentam exaustivamente plantar um pé de arruda e como diz “ela não vai”, acreditamos que para se plantar qualquer coisa, além de se observar, local, clima, hora, estação apropriada, é necessário estar com propósito de se plantar.
Por ser sensível é necessário maior cuidado para tratá-la, tentamos abordar de forma clara a atuação dessa planta na vida da população, tanto como medicação como proteção, também demonstramos o que conseguimos encontrar em obras literárias usadas como referência. 
  • O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. O uso de plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto a espécie humana. Ainda hoje nas regiões mais pobres do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras, plantas medicinais são comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais residenciais (MACIEL & PINTO &VEIGA JR., 2001). 
As observações populares sobre o uso e a eficácia de plantas medicinais contribuem de forma relevante para a divulgação das virtudes terapêuticas dos vegetais, prescritos com freqüência, pelos efeitos medicinais que produzem, apesar de não terem seus constituintes químicos conhecidos (MACIEL & PINTO &VEIGA JR., 2001). Dessa forma, usuários de plantas medicinais de todo o mundo, mantém em voga a prática do consumo de fitoterápicos, tornando válidas informações terapêuticas que foram sendo acumuladas durante séculos (MACIEL & PINTO &VEIGA JR., 2001). Entretanto, muito desse conhecimento perdeu-se no caminho e muitas pessoas o utilizam erroneamente, criando assim um problema maior e de certa gravidade. 
  • A natureza do problema tornou-se, portanto, a falta de conhecimento da aplicabilidade correta da planta à doença existente, pois o que é bom para uma pessoa, às vezes, não o é para outra. A solução prévia para este problema vincula-se a conscientização da sociedade quanto ao modo de uso do medicamento, através da divulgação do que consiste e como se aplica uma planta medicinal. A ilusão de que um chazinho não faz mal, isto é um grande engano, pois um simples chá tomado de forma errada pode levar a óbito. Nossa perspectiva foi chegar ao número máximo de pessoas conhecedoras sobre planta medicinal e assim minimizar os problemas que poderão surgir por seu mau uso.
A arruda é uma erva ornamental arbustiva com ramos lenhosos duros, pequenos e de cores suavemente verde-azuladas, com flores muito pequenas de cor amarelo-esverdeado. O nome de gênero, Ruta, é derivado do grego “reuo“, que significa “deixar livre”, vez que havia a esperança de que a planta fizesse com que a pessoa se livrasse de doenças. Graveolens significa “cheiro pesado”. Ramos de arruda são usados para borrifar água benta em missas, o que consequentemente gerou o apelido erva-da-graça. 
  • Durante a Idade Média, a arruda foi usada para gerar proteção contra o mal e para prevenir a Peste Negra. A arruda era usada em um conhecido antídoto grego que tratava gama extensiva de venenos. A espécie Ruta graveolens faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), constituída de espécies vegetais com potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e de gerar produtos de interesse do Ministério da Saúde do Brasil.
Características Químicas:
  • A arruda (Ruta graveolens Linneau), também conhecida como arruda-fedorenta, ruta-de-cheiro-forte, arruda-doméstica e arruda-dos-jardins é uma espécie perene originária da Europa meridional pertencente à família Rutaceae (LORENZI e MATOS, 2002), largamente utilizada como recurso medicinal pela população local em todo o Brasil (AL-QURAINY et al., 2011; SOUZA et al., 2007).
Ruta graveolens Linneau é um arbusto perenifólio de existência longa que se renova a cada ano, com vários talos de 60 cm, muito ramificados e finos. As folhas de 12 a 15 mm de comprimento são alternas com pecíolos compridos e muito divididos. Os folíolos são oblongos e os terminais trasovados. As folhas superiores são pinadas,de contorno triangular, obtuso crenadas, subcoriáceas, de cor azul esverdeado. As flores são amarelas, em corimbos terminais, sobre pedúnculos subdivididos. Apresenta ovário súpero com muitos óvulos, fruto do tipo capsular com quatro a cinco lobos, arredondados. Os frutos têm a forma de cápsulas arredondadas e as sementes são pardas e rugosas (MEJRI et al., 2010). 
  • Todas as partes da planta estão repletas de pontos transparentes e, as folhas, cobertas por pequenas glândulas que contém óleo com peculiar odor balsâmico, de forte cheiro fétido e ativo, devido ao óleo essencial que encerra de sabor amargo e muito espesso.
Na medicina popular, a Ruta graveolens Linneau é tida como uma planta mágica, utilizada pelo homem desde muito tempo em rituais de proteção, principalmente em crianças contra o mal olhado, desordens menstruais, inflamações na pele, câimbras, dor de ouvido e dente. 
  • Ensaios farmacológicos comprovaram seu efeito como antihelmíntica, febrífuga, emenagoga, abortiva, antiparasitária, espasmolítica, fotosensiblilizante, cicatrizante, antiinflamatória, antireumática e antiulcerogênica, antihelmíntica e sudorífera (YAMASHITA et al., 2009). De acordo MEJRI et al. (2010), a arruda também é indicada para a normalização do ciclo menstrual, repelente, vermicida, tratamento da leximaniose, vermes como o oxiúros, combate de piolhos e outros parasitas.
A composição química da arruda pode variar de acordo com a variedade genética e fatores ambientais. Segundo OLIVEIRA (2011), são encontrados princípios amargos, resinas, gomas, taninos, rutina, psoraleno, quercetina, alcalóides, ácidos orgânicos, alantoína, saponinas triterpênicas e mucilagem 
  • A presença de rutina na composição química facilita a absorção da vitamina C pelo organismo, promove a inibição da aldose-redutase, combate a fragilidade dos capilares, anticatarata, antidermatítico, antidiabético, antiedêmico, antieritêmico, antihematúrico, antihistamínico, antiinflamatório, antioxidante, antitrombogênico, antitumor, antiviral, prevenção do câncer, protetor capilar, hipotensor, larvistático, pesticida, espasmolítico e vasopressor. A rutina também apresenta atividade antbacteriana e alelopática (SANTOS et al., 2009).
À quercetina são atribuídas as propriedades analgésica, anti HIV, antialérgica, bactericida, antidiabética, carminativa, antigástrica, hepatoprotera, antihistamínica, antiinflamatória, antioxidante, antiespasmódica, antitumoral, antiviral e larvistático. O psoraleno é empregado em casos de vitiligo e psoríase (DONG et al., 2003; KAMINSKI et al., 2003). 
  • A alantoína é responsável pelo efeito cicatrizante e possui ação anti-irritante auxiliando o sistema de defesa da pele no processo de proliferação de novas células. Apresenta ação hidratante e queratolítica, sendo por esta razão usada no tratamento da psoríase, ictiose e hiperqueratoses (BATISTUZZO et al., 2000). A presença de mucilagem contribui para o efeito emoliente e restaurar a oleosidade perdida devido ao ressecamento da pele (CÂNDIDA, 2003).
O uso interno desta planta é desaconselhado, pois, em grande quantidade, a arruda pode causar hiperemia (abundância de sangue) dos órgãos respiratórios, vômitos, sonolência e convulsões. O efeito considerado anticoncepcional na verdade é abortivo, pois provém da inibição da implantação do óvulo no útero, sendo que a ingestão da infusão preparada com a arruda para esta finalidade é muito perigosa e pode provocar fortes hemorragias (MARTINS et al., 2005). A arruda é, ainda, muito usada para aliviar dores de cabeça. 
  • Segundo os especialistas, isso pode ser explicado ao óleo essencial que contém undecanona, metilnonilcetona e metilheptilcetona, todas essas substâncias possuem propriedades calmantes, que ao serem aspiradas, aliviam as dores e diminuem a ansiedade (OLIVEIRA, 2011; MEJRI et al., 2010).
Óleos Essenciais e sua Importância:
  • Os óleos essenciais são produtos obtidos tradicionalmente de parte de plantas através de destilação por arraste com vapor d’água, também conhecida por hidrodestilação. São misturas complexas de substâncias voláteis lipofílicas, geralmente odoríferas e líquidas.
Também são chamados de óleos etéreos ou essências (GIORDANI et al., 2008). Essas denominações derivam de algumas de suas características físico-químicas, como, por exemplo, a de serem geralmente líquidos de aparência oleosa à temperatura ambiente.
  • Quimicamente são compostos de hidrocarbonetos terpênicos, alcoóis simples e terpenos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, óxidos, peróxidos, furanos, ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas e compostos contendo enxofre em diferentes concentrações (SIMÕES et al., 2007).
São armazenados em estruturas especializadas como células parenquimáticas diferenciadas (Lauraceae, Piperaceae e Poaceae), bolsas lisígenas ou esquizolisígenas (Pinaceae e Rutaceae), canais oleíferos (Apiaceae), células epidérmicas ou tricomas glandulares (Lamiaceae) não se distribuindo de maneira homogênea na planta.
  • Podem estar concentrados em órgãos anatômicos específicos, como folhas (eucalipto), ramos (alecrim), raízes (vetiver), rizomas (gengibre), flores (rosa), frutos (anis-estrelado), sementes (noz-moscada), madeira (pau-rosa) e casca do caule (canela). O teor varia de acordo com a idade, época do ano, solo ou clima onde a planta vive e podem ser encontrados com maior facilidade nas partes verdes, devido às rotas metabólicas da fotossíntese (BAKKALI et al., 2008). Dessa forma, estão amplamente distribuídos no reino vegetal, especialmente nas famílias Asteraceae, Laminaceae, Lauraceae, Myrtaceae, Apiaceae e Rutaceae (FLORÃO, 2006). São raramente encontrados em gimnospermas, com exceção das coníferas, Pinus densiflora e Pinus koraiensis (HONG et al., 2004). 
Nas angiospermas, ocorrem em menor freqüência em monocotiledôneas, podendo citar as famílias Poaceae e Zingiberaceae, como em Cymbopogon winterianus, popularmente conhecida como citronela (DUARTE et al., 2007), e Zingiber officinale, o gengibre (SCHNITZLER et al., 2007), respectivamente.
  • Os constituintes químicos dos óleos essenciais podem ser divididos em duas séries, conforme sua origem biossintética: a aromática, constituída pelos fenilpropanóides e a série terpênica. Os fenilpropanóides são constituídos por compostos com uma cadeia lateral de três átomos de carbono derivados de aminoácidos aromáticos, oriundos da via do ácido chiquímico. Nesta via, a partir do ácido chiquímico, é produzido o aminoácido fenilalanina que, por ação da enzima fenilalanina amonialiase (PAL) forma o ácido cinâmico e ácido p-cumárico (FLORÃO, 2006).
A redução da cadeia lateral destes ácidos leva à formação de alilbenzenos e propenilbenzenos, esqueletos carbônicos dos fenilpropanóides. Os compostos do grupo dos terpenóides são sintetizados pela condensação de unidades pentacarbonadas, o difosfato de isopentenila (IPP) e seu isômero difosfato de dimetilalila (DMAPP).
  • A formação do IPP pode ocorrer por duas rotas biossintéticas: a via clássica ou via do mevalonato (MVA), responsável pela formação dos sesquiterpenos e triterpenos, que ocorre preferencialmente no citosol e cujos precursores são piruvato e acetilcoenzima A; e a via alternativa ou via do metileritritol fosfato (MEP), que origina os monoterpenos, diterpenos e tetraterpenos, ocorre preferencialmente nos plastídeos e tem como precursores piruvato e gliceraldeído-3-fosfato (AHARONI et al., 2006).

Molécula e Quercetina

Propriedades Medicinais:
  • O óleo essencial de arruda é um remédio homeopático usado durante séculos como uma preparação médica na forma de compressão em feridas, contusões, esgotamento físico, varizes, hemorroidas, fortalecimento das veias capilares, pés, tornozelos e cotovelos doloridos e para a rigidez dolorosa nos pulsos e mãos. Também pode beneficiar a pele e melhorar a condição de varizes, fissura anal, cura de sangramentos, trombose, hemorroidas internas e externas.
O chá de arruda não deve ser consumido internamente, mas pode ser diluído e utilizado com cuidado sobre a pele (utilização tópica). Em função da rutina presente na planta, a arruda é topicamente utilizada na medicina alternativa para fortalecer vasos capilares fracos. A arruda já foi utilizada por pintores em mínimas quantidades para proteger a visão e como colírio para olhos cansados (é dito que a arruda foi usada por Michelângelo e Leonardo da Vinci para melhorar a visão interna e exterior).
  • Na medicina popular, compressas são aplicadas em feridas. O óleo da arruda já foi usado para infecção no ouvido. O creme ou óleo de massagem para reumatismo. Unguento para gota, dores nas costas e espasmos musculares. As folhas frescas de arruda são aplicadas na cabeça como um remédio para dores de cabeça. O óleo essencial da arruda é usado em perfumes.
Alguns herbalistas que utilizam a fitoterapia baseada em pesquisas científicas modernas consideram os tratamentos com arruda desnecessários devido à sua toxicidade conhecida. Várias pesquisas atuais tentam isolar e descobrir propriedades medicinais de algumas substâncias benéficas presentes na erva. A planta é composta de óleo essencial (limoneno, pineno, ácido anísico, fenol), flavonóides (rutina, quercetina), hipericina, furanocoumarinas (bergapteno, psoraleno), alcalóides (arborina, fagarina, graveolina), tanino, pectina, colina e ferro. Na culinária, pequenas quantidades são acrescentadas a saladas, queijos, peixes e outras comidas. É ingrediente da bebida italiana Candolini Grappa Ruta e outras bebidas alcoólicas.

Propriedades Terapêuticas:
  • adstringente
  • analgésica
  • anti-asmática
  • anti-inflamatória
  • aromática
  • calmante (chá das folhas)
  • sudorífica
  • ansiedade
  • aumenta o apetite
  • estimulante
  • insecticida
  • afecção dos rins
  • problemas cardíacos
  • asma bronquica
  • dores de cabeça e enxaquecas
  • combate cólicas intestinais eliminando os gases
  • gota
  • hemorróidas
  • reforça a parede dos vasos sanguíneos evitando assim as varizes (rutina)
  • reguladora do ciclo menstrual
  • repelente de moscas, mosquitos, formigas, pulgas, percevejos e ratos
  • combate os piolhos: infusão de 20g de folhas para 1L de água ou empregar folhas secas em pó.
Contraindicações:
  • A arruda só é utilizada em pequenas doses e de forma tópica (aplicação externa e diluída sobre a pele, em doses homeopáticas). Doses grandes podem causar fotossensibilidade. Não deve ser usada durante a gravidez, vez que doses elevadas de arruda agem como um abortivo que pode ser tóxico ou até mesmo fatal à mãe. Também é vetado o uso durante a fase de lactação. O uso interno, mesmo em doses homeopáticas, não deve ser feito por crianças, idosos ou por pacientes com doenças cardíacas ou renais. A seiva do talo pode causar dermatite. Medicamentos para reduzir a pressão arterial podem ter seus efeitos potencializados.
Ruta graveolens - Arruda