domingo, 11 de janeiro de 2015

Solanum paniculatum - Jurubeba

Solanum paniculatum - Jurubeba

  • A jurubeba (Solanum paniculatum L.) é uma planta medicinal também conhecida como jurubeba-verdadeira, jupeba, juribeba, jurupeba, gerobeba e joá-manso. Inclui o sinônimo botânico Solanum paniculatum Pis. Pertence à família Solanaceae. 
A origem do nome vem do adjetivo latino paniculatum (paniculado), pelo tipo de inflorescência. A jurubeba é nativa das regiões Norte e Nordeste do Brasil. A Solanum paniculatum é uma pequena árvore de porte arbustivo, cujo caule pode atingir até 2 metros de altura. Possui folhas alternas, pecioladas, sinuadas e sublobadas com flores pequenas, azuladas ou violáceas. Seu fruto é uma baga globosa e glabra. A espécie Solanum paniculatum faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), constituída de espécies vegetais com potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e de gerar produtos de interesse do Ministério da Saúde do Brasil.

Composição Química:
  • Muitas espécies do gênero Solanum (Solanaceae) no Brasil são empregadas na medicina popular para vários fins. Solanum paniculatum L. é uma das espécies mais estudadas por sua ampla distribuição, por seus diversos usos medicinais (AGRA et al., 2007). Essa espécie é conhecida popularmente como “jurubeba-verdadeira” e “jurubeba roxa. 
Estudos químicos de S. paniculatum mostraram a presença de alcaloides, saponinas, sapogeninas, ácidos graxos e ácidos orgânicos (MESIA-VELA et al., 2002). Estudos realizados anteriormente com o extrato EtOH e frações das raízes apresentaram atividade antioxidante (SILVA et al., 2012). Em continuação ao estudo com as jurubebas do Brasil é mostrado o isolamento e a identificação estrutural de dois novos glicoalcaloides das raízes de S. paniculat
  • Os componentes ativos da jurubeba foram documentados na década de 60 quando pesquisadores alemães descobriram novos esteróides, saponinas, glicosídeos e alcalóides nas raízes, caule e folhas. Os alcalóides foram encontrados em maior abundância nas raízes, enquanto que nas folhas encontram-se as maiores concentrações de glicosídeos. 
Esses compostos também têm algum efeito tóxico, de modo que não se recomenda a ingestão freqüente de preparações de jurubeba. As propriedades farmacológicas documentadas desde a década de 40 incluem o uso para estômago, febres, diurético e tônico. Estudos em animais indicaram que extratos da planta em água ou álcool foram eficazes em reduzir a pressão sanguínea enquanto aumentando a respiração em gatos, evidenciando uma ação estimulante no coração.

Prospecção fitoquímica:
  • Os extratos brutos foram submetidos a uma série de reações de caracterização fitoquímica para detecção da presença de metabólitos secundários como compostos fenólicos (reação de precipitação com cloreto férrico), naftoquinona (reação ácido/base), caracterização de flavonóides (reação de cianidina e ácido sulfúrico, A-I e A- II), taninos (reação com sais de ferro, precipitação de proteínas, B-I e B-II), cumarinas (observação sob a luz ultravioleta), triterpenos e esteróides (reação de Liebermann-Burchard), identificação de heterosídeos cardiotônicos (teste de Baljet e teste de Kedde, C-I e C-II), alcalóides (reação com dragendorff) e caracterização de saponinas (reação de Lieberman-Buchard e o índice de espuma), segundo metodologia descrita por Simões et al. (2000) e Matos (1997).

A piperidina, um alcalóide


  • A piperidina é um composto orgânico de fórmula (CH2) 5NH. É uma amina com um anel de seis membros heterocíclico com cinco unidades de metileno e um átomo de azoto. É um gás incolor, fumegante, com um odor descrito como amônia, apimentado, o nome é derivado do gênero Piper, que é a palavra latina para pimenta. A piperidina é muito usado como um synthon para o reagente síntese e química. de vários compostos orgânicos, incluindo produtos farmacêuticos
Usos medicinais:
  • As folhas e flores são aperientes, anti-inflamatórios, cicatrizantes, colagogos, depurativos do sangue, descongestionantes, digestivos, diuréticos, emenagogos, estimulantes, hepatoprotetores, hepatotônicos, laxantes e tônicos. Já as raízes e frutos são antianêmicos, antidiabéticos, antidispépticos, anti-hidrópicos, aperientes, colagogos, diuréticos e tônicos. Em detrimento das muitas atividades farmacológicas da jurubeba pela Farmacopeia Brasileira, a planta é citada oficialmente para o tratamento de anemia, desordens digestivas e problemas no fígado. 
As propriedades terapêuticas da jurubeba devem-se aos esteroides, saponinas, glicosídeos e alcaloides presentes nas raízes, caule, folhas e frutos. Os alcaloides são encontrados em maior abundância nas raízes; já os glicosídeos, nas folhas. A jurubeba apresenta resinas com atividades colagoga e cardiotônicas. Alguns componentes da fração das resinas, a jurubina e jurubepina, são os princípios ativos responsáveis pela ação cardiotônica. Seus alcaloides, especialmente a solanina, apresentam, em baixas doses através da via oral, ação analgésica e anti–pruriginosa. Esta ação é mediada através do bloqueio dos impulsos dolorosos no sistema nervoso.
  • As formas de consumo da jurubeba são muito variadas: infusão das folhas, frutos e flores em água; suco com as raízes e frutos; suco com as folhas para uso local ou interno; decocção da raiz; maceração de folhas em água fria ou vinho branco; dentre outras utilizações. A infusão do seu caule e da sua raiz em álcool de cana, vulgo cachaça, é muito utilizada como digestivo. Popularmente, o chá de jurubeba é bastante utilizado para aliviar sintomas de ressaca.
Contraindicações:
  • Apesar da gama de indicações clínicas da jurubeba devido a seus compostos, estas também têm efeito tóxico se ingeridos em excesso, de modo que não se recomenda a ingestão freqüente de preparações à base de jurubeba. São os sintomas de toxidade: diarreias, náuseas, sintomas neurológicos e vômitos.
Cuidados:
  • A ingestão de partes da planta tem causado patologias em bovinos. A ocorrência maior tem sido em épocas de carência de forragem e os animais precisam ingerir a planta por um período prolongado. Estudos feitos na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (1985 e 1987) indicam que a sintomatologia é relacionada com disfunção cerebelar, com crises periódicas do tipo de epilepsia, que duram de alguns segundos a um minuto e são desencadeadas geralmente quando os animais são movimentados ou excitados.
Há perda de equilíbrio e quedas, ficando os animais em decúbito dorsal ou lateral, com tremores musculares. Após as crises, os animais aparentam normalidade, mas alguns estendem o pescoço numa atitude de "olhar estrelas" e buscam maior apoio com extensão dos membros anteriores. Em geral não ocorre mortalidade diretamente relacionada com o problema, mas com as quedas podem haver fraturas. A patologia se torna crônica e a regressão clínica é rara.

Solanum paniculatum - Jurubeba