quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Solidago microglossa - Arnica

Solidago microglossa - Arnica 

  • Arnica é um gênero de aproximadamente 30 espécies de plantas perenes, herbáceas, que pertencem à família das Asteráceas (Asteraceae). O nome arnica significa pele de cordeiro, aludindo ao tato de suas folhas, suaves e peludas. Várias espécies, como Arnica montana e Arnica chamissonis contém helenalina, uma lactona que é um ingrediente essencial em preparados antiinflamatórios provenientes de contusões.
A planta arnica (Solidago microglossa) é também conhecida como arnica-do-Brasil, arnica-brasileira, arnica-silvestre, arnica-da-horta, arnica-de-terreiro, erva-lanceta, espiga-de-ouro, lanceta, macela-miúda, dentre outros nomes populares. Inclui os sinônimos botânicos Solidago linearifolia, Solidago polyglossa, Solidago marginella, Solidago odora, Solidado vulneraria, Solidago nitidula e Solidago chilensis. Pertence a família das Asteraceae. 
  • Este gênero circumboreal e montanhoso floresce em sua maioria nas regiões temperadas da América do Norte ocidental. Duas espécies são originárias da Eurásia (A. angustifolia e A. montana).Algumas larvas de lepidópteros (como Bucculatrix arnicella) alimentam-se de arnica. 
A arnica possui as propriedades medicinais devido aos flavonóides, sendo muitos e variados seus usos. Dentre os principais podemos citar: cicatrização de ferimentos superficiais, combate de hemorragias leves, além de ser um ótimo antiinflamatório natural de uso externo. A arnica não deve ser utilizada por via oral, por ser comprovadamente hepatotóxica. 
  • A Solidago microglossa é uma planta de flores amarelas que pode chegar até 1,20 metros de altura. A planta é uma nativa da America do Sul, sendo conhecida em território nacional como arnica-do-Brasil ou arnica-brasileira. Também é muito confundida com a espécie Arnica montana, planta originária das regiões montanhosas do norte da Europa, de terras silicosas. O cultivo da Arnica montana no Brasil é de difícil adaptação. A espécie Solidago microglossa faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS)
Composição Química:
  • Desde o ano de 2006, o governo federal tem desenvolvido projetos para incentivar a pesquisa e o desenvolvimento do setor de plantas medicinais e fitoterápicos. Entre eles, a Portaria Ministerial MS/GM no 971, de 03 de maio de 2006, que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS) e o Decreto no 5.813, de 22 de junho de 2006, que aprova a Política nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e dá outras providências. 
Essas políticas preconizam o incentivo à pesquisa e o desenvolvimento com relação ao uso de plantas medicinais e fitoterápicos, priorizando a biodiversidade do país (CARVALHO, A. C B,2008). Além disso, estimulam a adoção da Fitoterapia nos programas de saúde pública, com a inclusão de alguns fitoterápicos na relação nacional de medicamentos (RENAME).
  • Em fevereiro de 2009, o governo lança mais uma estratégia, com a publicação de uma lista constituídas de 71 espécies vegetais nativas com potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e de gerar produtos de interesse ao SUS, a RENISUS. 
As plantas medicinais presentes na lista supracitada, já são utilizadas pela população pelo conhecimento popular e/ou tradicional, entretanto, para algumas ainda são necessários estudos científicos comprovando sua segurança e eficácia. A divulgação desta lista tem, portanto, a finalidade de orientar estudos e pesquisas científicas, de subsidiar o desenvolvimento e a inovação na área de plantas medicinais e fitoterápicos.
  • Entre as plantas medicinais integrantes da RENISUS, destacamos a espécie Solidago microglossa D.C, a qual é uma planta nativa da parte meridional da América do Sul, incluindo o sul e sudeste brasileiro. Popularmente é conhecida como arnica, arnica brasileira, erva-lanceta, arnica silvestre, espiga de ouro, lanceta, macela miúda, marcela miúda, rabo de rojão, sapé macho. E possui como sinonímio botânico Solidago chilensis Meyen, Solidago marginella DC; Solidago nitidula Martius; Solidago odora Hook ET Arn; Solidago polyglossa DC; Solidago vulneraria Martius , Solidago linearifolia DC (OLIVEIRA, AKISUE, AKISUE, 1991; LORENZI, MATOS,2000).
Características Macroscópicas e microscópicas:
  • S. microglossa apresenta-se como um vegetal erecto que mede geralmente cerca de 1 metro de altura, quando florido, por até 1,5 cm de diâmetro na base. O caule é simples, não ramificado, de coloração verde clara na parte superior e verde acinzentada na inferior. As folhas são sésseis, alternas, inteiras e membranosas, medindo até 10 cm de comprimento por ate 1,5 cm de largura. A margem foliar é ligeiramente serrilhada na porção apical e quase lisa na porção basal. As flores estão reunidas em grandes panículas que alcançam, algumas vezes, 20 cm de comprimento. Os capítulos apresentam cor amarela e são constituídos de oito a dez floretas tubulosas e dezoito a vinte floretas liguladas. (OLIVEIRA, AKISUE, AKISUE, 1991). 
A folha apresenta mesófilo de estrutura heterogênea e simétrica. As epidermes, vistas em secção transversal, apresentam células de contorno retangular, alongadas no sentido periclinal. As células da epiderme inferior são um pouco menores que as da epiderme superior. Ambas as epidermes são providas de pelos tectores unisseriados, geralmente formado por duas a quatro células, sendo frequentemente a célula termina alongada e fina. Os estômatos ocorrem em ambas às epidermes e são do tipo anomocíticos. As epidermes vistas em secção para-dérmicas apresentam células de paredes finas e contorno aproximadamente poligonal. O parênquima paliçádico é formado por duas fileiras de células tanto do lado da epiderme superior como do lado da epiderme inferior. A região mediana do mesófilo e constituída por uma ou duas fileiras de células parenquimáticas grandes e de paredes finas. (OLIVEIRA, AKISUE, AKISUE, 1991).

Constituição química:
  • Das partes aéreas foram identificadas a presença de açúcares, hidrocarbonetos alifáticos, ácido graxos, ésteres carboxílicos, e as substâncias á–farnaseno, á-epinasteril glicopiranosídeo e á-amirina. TORRES, AKISUE, ROQUE, 1987). DIAS (2001) isolou três compostos da espécie, a solidagenona e á-espinasterol, e no óleo volátil presente nas folhas e flores encontrou os seguintes constituintes majoritários â-cubebeno, germacreno-B, limoneno e felandreno. O autor em sua revisão de literatura citou os seguintes compostos já identificados na espécie: hidrocarbonetos á-pineno e â-pineno, fitol, vanilina, 4-acetilbenzoato de etila e traços de alcalóides da classe pirrozilidínicos (tussilagino e isotussilagino). Estudos fitoquímicos utilizando as partes aéreas de Solidago microglossa determinaram a presença de um flavonóide glicosídico, denominado quercitrina (TORRES, AKISUE, ROQUE, 1987;ROQUE, et al, 1988; LORENZI, MATOS,2000). Acredita-se que a presença deste flavonoide pode justificar o uso popular desta espécie vegetal como antiinflamatória e analgésica. 
Nas raízes de Solidago chilensis foram isolados as substâncias rutina, ácido quínico, ácido caféico, ácido clorogênico, ácido hidrocinâmico e seus derivados (LORENZI, MATOS,2000).

Creme de Arnica

Em química orgânica, os compostos orgânicos constituídos de carbono e hidrogênio são divididos em duas classes:
  • Aromáticos, que contêm anéis benzênicos ou anéis de átomos similares; 
  • Alifáticos (IPA: [ˌæləˈfætɪk]; G. aleiphar, gordura, óleo), que não contêm anéis aromáticos. 
Os compostos alifáticos podem ser:
  • cíclicos, como o cicloexano 
  • acíclicos, como o hexano. 
Podem também ser:
  • Saturados, como o hexano 
  • Insaturados, como o hexeno. 
Quanto a composição da cadeia, os compostos alifáticos podem ser classificados ainda em:
  • Homoalifático, quando há uma continuidade de átomos de carbono ligados formando a cadeia alifática, sem um único átomo diferente do carbono quebrando tal continuidade heteroalifático, quando há uma descontinuidade dos átomos de carbono na cadeia, como no caso dos éteres, onde pode haver um ramo alifático contínuo, homoalifático, de um lado, a interposição de um átomo de oxigênio e depois a cadeia continua, apenas com átomos de carbono. 
  • Hidrocarbonetos alifáticos, especificamente, são hidrocarbonetos com átomos de carbono estruturais em cadeias abertas e fechadas (cíclicas), não aromáticas. Podem ser alcanos, alcenos, alcinos ou alcadienos, e ainda outras combinações, se as ligações entre esses átomos forem respectivamente simples, duplas ou triplas

Propriedades Medicinais:
  • A arnica-do-Brasil é comumente confundida com a Arnica montana, planta medicinal originária das regiões montanhosas da Europa, que possui a maior utilização medicinal dentre as plantas conhecidas como arnica. As folhas da arnica-silvestre possuem propriedades adstringentes e cicatrizantes, sendo utilizadas para o tratamento natural da acne, hematomas e distúrbios estomacais. Alguns estudos têm relatado a atividade cicatrizante e antimicrobiana da Solidago microglossa. 
A arnica-do-Brasil apresenta atividade antimicrobiana devido ao seu extrato de metanol, obtido a partir de suas raízes. Em estudos realizados, o óleo obtido através da planta exibiu capacidade de combate contra todas as bactérias e leveduras testadas. O poderoso efeito anti-inflamatório existe devido a presença de helenalina, uma lactona sesquiterpênica que pode ser utilizada especialmente para tratar e aliviar contusões, no entanto, a helenalina é um composto altamente tóxico e em altas quantidades, seus efeitos são particularmente perigosos aos tecidos hepáticos e linfáticos.
  • A arnica-brasileira também é usada como infusão (chá medicinal) para distúrbios do estômago na medicina alternativa, além de tratar inflamações e acelerar cicatrizações. A arnica-brasileira pode ser utilizada através de maceração, ou seja, a planta é amassada e colocada em um recipiente e logo em embebido em álcool, vinho ou vinagre, junto com água fria. O recipiente é tampado e se aguarda algumas horas ou até mesmo alguns dias para que todos os compostos medicinais da arnica sejam aproveitados. 
A arnica-silvestre também pode ser utilizada em forma de cataplasma ou emplasto. As folhas são esmagadas, formando uma substância consistente, que é colocada em uma gaze ou pano limpo e aplicado diretamente na região afetada ou machucada do corpo. A Solidago microglossa possui quercitina (flavonoide glicosídeo), saponinas, taninos, resinas, óleo essencial, diterpenos inulina e rutina, ramnosídeos, acido cafeico, 3-metoxibenzaldeído, clorogênico, hidrocinâmico e seus derivados, solidagenona, ácido quínico e acetofenona.

Uso Popular:
  • O uso desta espécie vegetal vem sendo feita com base na sua tradição popular. São atribuídas a esta espécie propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, estomáquica, adstringente, cicatrizante e vulnerária. Topicamente é utilizada para o tratamento de ferimentos, escoriações, traumatismos e contusões (LORENZI, MATOS,2000). 
Outros usos:
  • A tintura da arnica-silvestre é produzida quando se coloca arnica moída junto com álcool e se espera por no mínimo 2 (dois) dias. Após isso, a mistura é coada. O liquido obtido é aproveitado para ser aplicado topicamente em áreas lesionadas do corpo. 
Contraindicações:
  • A maioria dos efeitos colaterais da arnica são advindos do uso incorreto da planta e seus suplementos derivados. Quando aplicada sobre a pele durante um longo período de tempo, pode levar a eczema de pele e erupções cutâneas. Outros efeitos secundários incluem diarreia, náuseas e vômitos, além de sangramentos em diabéticos ou pacientes que tomam anticoagulantes. Doses altas podem causar arritmia, aumento elevado na atividade cardíaca e afeitar o funcionamento de outros órgãos vitais.

Solidago microglossa - Arnica