segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Zingiber officinale - Gengibre

Zingiber officinale - Gengibre

  • O gengibre (Zingiber officinale) é uma planta herbácea da família das Zingiberaceae, originária da ilha de Java, da Índia e da China, de onde se difundiu pelas regiões tropicais do mundo. Outro nome conhecido no norte do Brasil , é Mangarataia 
Trata-se de uma planta perene da Família das Zingiberáceas, que pode atingir mais de 1 m de altura. As folhas verde-escuras nascem a partir de um caule duro, grosso e subterrâneo (rizoma). As flores são tubulares, amarelo-claro e surgem em espigas eretas.O seu caule subterrâneo é utilizado como especiaria desde a antiguidade, na culinária e na preparação de medicamentos.O gengibre é conhecido na Europa desde tempos muito remotos, para onde foi levado por meio das Cruzadas. Em Portugal existe registro da sua presença desde o reinado de D. João III (1521-1557). 
  • A introdução do gengibre no Brasil é atribuída por autores às invasões holandesas que ocorreram no século XVII. Contudo, há relatos que citam a presença desta planta no ano de 1587. Visconde de Nassau quando veio para o Brasil trouxe o famoso botânico Pison que relatou o gengibre como planta indígena e de fácil encontro no estado silvestre, tanto que a considerou simultaneamente brasileira e asiática, convicção esta que afirmou até longa data, após, porquanto a publicou em 1648.
No Brasil, o gengibre chegou menos de um século após o descobrimento. Naturalistas que visitavam o país (colônia, naquela época) achavam que se tratava de uma planta nativa, pois era comum encontrá-la em estado silvestre. Hoje, o gengibre é cultivado principalmente na faixa litorânea do Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná e no sul de São Paulo, em razão das condições de clima e de solo mais adequadas. 
  • O uso de produtos naturais como matéria-prima para a síntese de compostos químicos com atividade biológica tem sido amplamente relatado ao longo dos anos. No Brasil, a biodiversidade é considerada uma fonte de substâncias biologicamente ativas, e sua preservação e estudo é fundamental, seja por sua enorme potencialidade na descoberta de novos fármacos com ação farmacológica, que há muito vem despertando interesse de pesquisadores da área farmacêutica (KORDALI et al., 2008).
A maioria dos fármacos em uso clínico ou são de origem natural ou foram desenvolvidos por síntese química planejada a partir de produtos naturais (BARREIRO e BOLZANI, 2009). Em toda a parte da planta podem ser encontrados princípios ativos importantes, sintetizados pelo metabolismo secundário das plantas que dão origem a uma série de substâncias conhecidas e com diversas aplicações biotecnológicas.
  • Uma das classes mais importante é a dos óleos essenciais, que são compostos voláteis liberados por algumas plantas que tem como função a sinalização química para a comunicação entre espécies, proteção contra microrganismos, herbívoros e condições ambientais (FREIRE, 2008; NUNES et al 2006).
Os óleos essenciais são uma rica fonte de metabólitos secundários voláteis, comumente associados a importantes atividades biológicas. Entre as plantas produtoras de óleo essencial, destaca-se a representatividade da Família Rutaceae, distribuída em 150 gêneros e conhecida por apresentar grande importância medicinal e econômica.
  • Dentre os representantes desta família, destaca-se a Ruta graveolens Linnaeus, conhecida vulgarmente por arruda, é uma erva aromática utilizada no tratamento fitoterápico da insônia, ansiedade, dores de cabeça, nervosismo, cólicas abdominais e problemas renais sem a devida comprovação científica da sua eficiência e segurança.
Em sânscrito, zingiber significa “raiz de chifre”, em referência à sua forma. Foi uma das primeiras espécies a serem levadas da Ásia para a Europa por exploradores europeus. Quando o gengibre foi introduzido na Europa através do comércio, rapidamente se tornou um tempero indispensável. Foi um ingrediente popular na confeitaria e culinária da época. o comércio do gengibre foi expandido para todas as regiões colonizadas pelo Império Romano, e mesmo após a queda de Roma, a erva ainda continuou sendo uma especiaria muito comercializada. Henry VIII recomendou o gengibre como um remédio contra a pestilência bubônica. O planta é também chamada de Vishwabhesaj na Medicina Ayurveda.
  • Navios chineses levavam estoques de gengibres a bordo de longas viagens para prevenir escorbuto e enjoos marítimos. Os chineses recomendam esfregar a raiz cortada no couro cabelo para cessar a queda de cabelo. Na Índia, devotos evitam o consumo de alho em festivais religiosos para não ofenderem as divindades. Neste caso, o gengibre é consumido por deixar o hálito com um aroma agradável. A espécie Zingiber officinale faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), constituída de espécies vegetais com potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e de gerar produtos de interesse do Ministério da Saúde do Brasil.

Zingiber officinale - Gengibre

Composição Química: 
  • O gengibre apresenta uma substância chamada gingerol, dotada de propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que protegem o organismo de bactérias e fungos. O gingerol é responsável pelo sabor picante do gengibre.
As propriedades terapêuticas do gengibre se devem à ação conjunta de várias substâncias, principalmente encontradas no óleo essencial do gengibre, rico nos componentes medicinais cafeno, felandreno, zingibereno e zingerona. O gengibre também é rico em substâncias termogênicas que ativam o metabolismo do organismo e potencializam a queima de gordura corporal. 
  • Há anos o gengibre é utilizado em favor da medicina. Popularmente utilizado no tratamento de gripes, resfriados e da tosse. Tem ação bactericida, é um poderoso desintoxicante e possui poder afrodisiáco. Mas, uma propriedade menos conhecida da planta vem chamando a atenção das pessoas em todo o mundo: o poder emagrecedor.
O gengibre é responsável por acelerar o metabolismo. Contém óleos essenciais que produzem calor, ativam a circulação e otimizam a queima calórica. Além disso, ele é rico em vitamina B6, cobre, potássio e magnésio, nutrientes essênciais para uma alimentação balanceada.
  • Cafeno, felandreno, zingibereno e zingerona. Esses são os nomes dos óleos essenciais que o gengibre carrega. Eles são responsáveis por boa parte da fama do gengibre, famoso pelo seu poder medicinal no combate às dores de garganta, rouquidão, tosse, gripes, resfriados, enjoo e náuseas. Uma lista grande que impressiona pela variedade e eficiência.
Apesar de tudo isso, o gengibre não é a solução de todos os seus problemas. Se você pretende perder peso, o ideal é visitar um médico ou nutricionista para preparar uma dieta adequada, aliada à prática regular de exercícios físicos.

  • A raiz é composta por vitamina B6, assim como nos minerais potássio, magnésio e cobre, mas tais propriedades se tornam pouco relevantes levando-se em conta o consumo diário da planta. Como trata-se de uma especiaria, bastam pequenas quantidades do gengibre no chá ou preparações culinárias para aromatizar as preparações. Note que a tabela de valores nutricionais abaixo considera 100g de gengibre, porém o uso numa receita pode não alcançar a 2g.
Óleos Essenciais e sua Importância:
  • Os óleos essenciais são produtos obtidos tradicionalmente de parte de plantas através de destilação por arraste com vapor d’água, também conhecida por hidrodestilação. São misturas complexas de substâncias voláteis lipofílicas, geralmente odoríferas e líquidas.
Também são chamados de óleos etéreos ou essências (GIORDANI et al., 2008). Essas denominações derivam de algumas de suas características físico-químicas, como, por exemplo, a de serem geralmente líquidos de aparência oleosa à temperatura ambiente. são compostos de hidrocarbonetos terpênicos, alcoóis simples e terpenos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, óxidos, peróxidos, furanos, ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas e compostos contendo enxofre em diferentes concentrações (SIMÕES et al., 2007).
  • São armazenados em estruturas especializadas como células parenquimáticas diferenciadas (Lauraceae, Piperaceae e Poaceae), bolsas lisígenas ou esquizolisígenas (Pinaceae e Rutaceae), canais oleíferos (Apiaceae), células epidérmicas ou tricomas glandulares (Lamiaceae) não se distribuindo de maneira homogênea na planta.
Podem estar concentrados em órgãos anatômicos específicos, como folhas (eucalipto), ramos (alecrim), raízes (vetiver), rizomas (gengibre), flores (rosa), frutos (anis-estrelado), sementes (noz-moscada), madeira (pau-rosa) e casca do caule (canela). O teor varia de acordo com a idade, época do ano, solo ou clima onde a planta vive e podem ser encontrados com maior facilidade nas partes verdes, devido às rotas metabólicas da fotossíntese (BAKKALI et al., 2008).
  • Dessa forma, estão amplamente distribuídos no reino vegetal, especialmente nas famílias Asteraceae, Laminaceae, Lauraceae, Myrtaceae, Apiaceae e Rutaceae (FLORÃO, 2006). São raramente encontrados em gimnospermas, com exceção das coníferas, Pinus densiflora e Pinus koraiensis (HONG et al., 2004).
Nas angiospermas, ocorrem em menor freqüência em monocotiledôneas, podendo citar as famílias Poaceae e Zingiberaceae, como em Cymbopogon winterianus, popularmente conhecida como citronela (DUARTE et al., 2007), e Zingiber officinale, o gengibre (SCHNITZLER et al., 2007), respectivamente.
  • Os constituintes químicos dos óleos essenciais podem ser divididos em duas séries, conforme sua origem biossintética: a aromática, constituída pelos fenilpropanóides e a série terpênica. Os fenilpropanóides são constituídos por compostos com uma cadeia lateral de três átomos de carbono derivados de aminoácidos aromáticos, oriundos da via do ácido chiquímico. Nesta via, a partir do ácido chiquímico, é produzido o aminoácido fenilalanina que, por ação da enzima fenilalanina amonialiase (PAL) forma o ácido cinâmico e ácido p-cumárico (FLORÃO, 2006).
A redução da cadeia lateral destes ácidos leva à formação de alilbenzenos e propenilbenzenos, esqueletos carbônicos dos fenilpropanóides.

Usos medicinais:
  • Como planta medicinal o gengibre é uma das mais antigas e populares do mundo. Suas propriedades terapêuticas são resultado da ação de várias substâncias, especialmente do óleo essencial que contém canfeno, felandreno, zingibereno e zingerona. 
Galeno, um dos pais da Medicina, já o empregava em seus remédios naturais. Também no Oriente, o gengibre é valorizado há muitos séculos pelas suas qualidades terapêuticas. É empregado na Medicina Tradicional Chinesa, Ayurveda e Tibetana desde a Antiguidade para infecções como: inchaço abdominal, tosse, vômito, diarreia, reumatismo, inflamação das articulações, artrite, etc. Na Europa, era comercializado como tônico aromático, protetor hepático e digestivo.
  • Este tesouro medicinal produzido embaixo da terra possui, ao menos, 12 componentes antivirais. Em estudos científicos, estes elementos foram isolados para combater o rhinorvirus (vírus do resfriado comum). A planta combate a proliferação de vírus e bactérias alojadas no organismo, diminuindo os sintomas da febre, dor e tosse, além de induzir ao relaxamento. 
São muitas as utilidades que se podem outorgar a este antibiótico natural. Tenha em mente que os antibióticos foram a grande descoberta da Medicina Moderna (1942). Milhares de doenças incuráveis se tornaram curáveis graças a eles, mas até hoje vão sendo descobertas novas contra-indicações, alergias, intolerâncias e redução na defesa por causa do seu uso frequente.
  • O antibiótico é um composto químico que elimina ou freia o crescimento de micro-organismos ou bactérias que enfermam o corpo. Seu uso frequente acarreta a adaptação pelo organismo, implicando no gradual aumento da dose, tornando-se um risco para nossa saúde. Por este motivo, é muito mais saudável ingerir diariamente antibióticos naturais, pois não produzem alergia ou qualquer outra contra-indicação, nem sensação de mal estar. 
São muitos os alimentos que por sua composição interna e suas propriedades otimizam as defesas do organismo e impedem enfermidades.Alguns destes antibióticos naturais estão em nossa dieta diária, como o limão, o alho, a cebola, a mel, a cúrcuma e, claro, o gengibre. A chave é aumentar o consumo no caso de padecimento de alguma doença.
  • É tão simples como cortar um pequeno pedaço de gengibre e molhá-lo um minuto em água quente. Tomar um gole desta bebida a cada trinta segundos pode resultar bastante amargo. Mas se você já está acostumado a este tipo de sabor, pode consumir diretamente a proporção de uma colherzinha de chá da planta fresca sem necessidade de preparar infusão. Os benéficos efeitos desse costume serão percebidos muito rápido. 
Popularmente, o chá de gengibre, feito com pedaços do rizoma fresco fervido em água, é usado no tratamento contra gripes, tosse, resfriado e até ressaca. Banhos e compressas quentes de gengibre são indicados para aliviar os sintomas de gota, artrite, dores de cabeça e na coluna, além de diminuir a congestão nasal, cólicas menstruais e previne o câncer (cancro) de intestino e ovário.
  • Desde a Antiguidade, o gengibre é utilizado na fabricação de xaropes para combater a dor de garganta. Sua ação antisséptica pode ser a responsável por essa fama, tanto que muitos locutores e cantores revelam que entre os seus segredos para cuidar bem da voz está o hábito de mastigar lentamente um pedacinho de gengibre. No entanto, esse hábito (mascar gengibre e em seguida cantar ou falar, enfim, fazer uso da voz) é contra-indicado visto que o gengibre possui também propriedades anestésicas e esta "anestesia tópica" diminui o controle da emissão vocal, favorecendo o aparecimento de abusos vocais. 
No Japão, utiliza-se o gengibre para massagens a partir de óleo de gengibre são tratamentos tradicionais e famosos para problemas de coluna e articulações. Na fitoterapia chinesa, a raiz do gengibre é chamada de "Gan Jiang" e apresenta as propriedades acre e quente. Sua ação mais importante é a de aquecer o baço e o estômago, expelindo o frio. É usada contra a perda de apetite, membros frios, diarréia, vômitos e dor abdominal. Aquece os pulmões e transforma as secreções. A medicina ayurvédica reconhece a ação dessa planta sobre o sistema digestivo, indicadando‐a para evitar enjoos e náuseas, confirmando alguns dos seus usos populares, onde o gengibre é indicado na digestão de alimentos gordurosos.
  • O gengibre tem ação bactericida, é desintoxicante e acredita-se há séculos que possua poder afrodisíaco. Na medicina chinesa tradicional, por sua reconhecida ação na circulação sanguínea, é utilizado contra a disfunção erétil. O óleo de gengibre também é utilizado para massagear o abdômen, aquecendo o corpo e excitando os órgãos sexuais. 
Graças ao seu alto poder bactericida, tem-se comprovado que o consumo desta planta em estado cru por cerca de 30 dias (pode-se moer e acrescentar adoçante, mel, etc.) elimina a bactéria Helicobacter pylori existente em casos de gastrite ou úlceras.

Gastronomia:
  • O gengibre possui sabor picante e pode ser usado tanto em pratos salgados quanto nos doces e em diversas formas: fresco, seco, em conserva ou cristalizado. O que não é recomendado é substituir um pelo outro nas receitas, pois seus sabores são muito distintos: o gengibre seco é mais aromático e tem sabor mais suave. 
O gengibre fresco é amplamente utilizado na China, no Japão, na Indonésia, na Índia e na Tailândia. No Japão costuma-se usar o suco (do gengibre espremido) para temperar frango e as conservas "beni shouga", feitas com os rizomas jovens, que são consumidas puras ou com sushi. Já o gengibre cristalizado é um dos confeitos mais consumidos no Sudeste Asiático.Nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha para fazer os tradicionais bonecos de gengibre para o Natal

Contraindicações:
  • O gengibre não deve ser utilizado por pessoas com problemas na pele, como acne e eczema. Também não deve ser utilizado por pessoas com febres muito altas, azia, hemorragia interna ou úlceras. Altas doses de gengibre podem causar em algumas pessoas efeitos secundários, como vômitos, diarreia, azia, irritação da boca, dor de estômago, erupção cutânea ou urticária, coceira, inchaço na boca, face, lábios ou língua, dificuldade para respirar e batimentos cardíacos irregulares. O óleo de gengibre não deve ser utilizado em altas concentrações.

Gengibre cristalizado ou bebidas à base de gengibre com um sabor mais acentuado 
aliviam os enjoos da gravidez,