domingo, 22 de março de 2015

Indústria de Equipamentos Eletrônicos

Indústria de Equipamentos Eletrônicos

  • Equipamentos eletrônicos desempenham atualmente um papel muito importante e insubstituível na vida diária. Hoje em dia a rápida evolução da tecnologia permite uma ampla gama de dispositivos a preços cada vez mais acessíveis, por sua vez aumentando o consumo. Este consumo acontece em volumes crescentes gerando maiores quantidades de resíduos elétricos e eletrônicos.
E-scrap é o termo que define todos os equipamentos eletrônicos domésticos ou profissionais, que incluem TVs, monitores, computadores, scanners, impressoras, equipamentos de áudio, câmeras de vídeo, telefones móveis, ferramentas elétricas e todos os aparelhos que são convertidos em lixo eletrônico após anos de uso. Razão pela qual o mundo tende a reciclar esses produtos para reduzir a quantidade de resíduos tóxicos, que quase sempre terminam em aterros para resíduos (ENVIRONMENT CANADA, 2001).A Diretiva 2002/95/CE, de 27.1.2003, da União Europeia, classifica os Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (EEE) em 10 categorias:
  • Grandes eletrodomésticos (geladeiras e toda a linha branca);
  • Pequenos eletrodomésticos (aspiradores, torradeiras, máquinas de café etc.);
  • Equipamentos informáticos e de telecomunicações (computadores pessoais, impressoras, copiadoras, telefones etc.);
  • Equipamentos de consumo (aparelhos de rádio, televisores, câmeras de vídeo, instrumentos musicais etc.);
  • Equipamentos de iluminação (lâmpadas fluorescentes, de sódio de baixa pressão, outros equipamentos de iluminação, exceto lâmpadas incandescentes);
  • Ferramentas elétricas e eletrônicas, com exceção de ferramentas industriais fixas de grandes dimensões (serras, máquinas de costura, fresadoras etc.);
  • Brinquedos e equipamentos de desporto e lazer (videogames, computadores para ciclismo, mergulho, corrida etc.);
  • Aparelhos médicos, exceto produtos implantados ou infectados;
  • Instrumentos de monitoração e controle;
  • Distribuidores automáticos;
Existe também a nomenclatura REEE (Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Eletrônicos), que é utilizada para descrever o tipo de resíduos contidos em cada dispositivo eletrônico (ADEME,2010). Geralmente, os equipamentos eletrônicos são compostos de metais, vidro, vários tipos de plásticos e outros componentes perigosos que necessitam de tratamento especial. Estes produtos elétricos e eletrônicos são feitos de uma combinação de módulos do núcleo, comum a maioria dos equipamentos eletroeletrônicos, tais como os conjuntos de circuitos impressos, cabos, fios flexíveis, fios, plásticos com ou sem retardadores de chama, tubos de raios catódicos e telas de cristal líquido, pilhas e acumuladores, meios de armazenamento de dados, elementos geradores de luz, capacitâncias, resistências, relês, sensores e controladores (Comisión de la Comunidad Europea, 2000).
  • As substâncias mais problemáticas do ponto de vista ambiental presentes nestes componentes são os metais pesados como: mercúrio, chumbo, cádmio e crómio, substâncias halogênicas, como os clorofluorocarbonetos (CFCs), cloro policlorados (PCBs), cloreto de polivinila (PVC) e os retardantes de chama bromados, bem como o amianto e o arsênio (NORDIC COUNCIL OF MINISTERS, 1995). A velocidade com que a indústria lança as novidades eletrônicas no mercado faz com que a reutilização seja desvalorizada. Com relação ao risco potencial dos REEE, a publicação “Waste from electrical and electronic product. A survey of the contents of materials and  ser substituídas, eliminando assim, o descarte total de peças e produtos completos que ainda apresentem vida útil ativa (ANDRADE, 2006).
Novas legislações – Indicam que a responsabilidade das fases finais dos produtos deverá ser a cada vez mais responsabilidade dos produtores, incluído a coleta de componentes contaminantes, como é visto hoje em dia com as baterias dos carros e celulares (ANDRADE, 2006; POLIDO, 2005). substances in electric and electronic products” (NORDIC COUNCIL OF MINISTERS, 1995) e (ENVIROMENT CANADA, 2001) compilou vários estudos que mostram as principais informações de substâncias perigosas nos resíduos dos REEE. Em suas composições, os equipamentos eletrônicos, possuem metais pesados que podem causar diversas complicações para o meio ambiente e para a saúde do ser humano, se descartados de forma inconsequente.

Empresas ainda usam metais pesados em sua produção.
Cádmio: 
  • Utiliza-se nas placas de circuito impressos, o cádmio está presente em determinados componentes, como resistências de chips SMD, semicondutores e detectores de movimento. Os tubos de raios catódicos mais velhos contêm cádmio. O cádmio é utilizado como estabilizador em PVC. Mais de 90% é encontrado em baterias recarregáveis. Os compostos de cádmio são classificados como tóxicos e com risco de efeitos irreversíveis à saúde. O cádmio é absorvido pela respiração, embora poder ser ingerido nos alimentos. Com exposição prolongada o cádmio pode causar câncer de pulmão e de próstata, anemia e osteoporose.
Chumbo:
  • Pode ser encontrado mais de 90% nas baterias, utilizado também na soldagem de placas de circuitos impressos, o vidro dos tubos de raios catódicos, a solda e o vidro das lâmpadas elétricas e fluorescentes. Considerando todas as aplicações de chumbo (processadas/consumidas) entre 1,5% - 2,5% são utilizados em equipamentos elétricos e eletrônicos (EEE). O chumbo, que compõe celulares, monitores, televisores e computadores, causa alterações genéticas, ataca o sistema nervoso, a medula óssea e os rins, além de causar câncer (MOREIRA, MOREIRA, 2004)
Mercúrio:
  • Utilizado em termostatos, sensores, placas de circuitos impressos e em equipamentos, equipamentos médicos, etc. O lançamento global do mercúrio para a atmosfera causada pelo homem é de cerca de 2000-3000 toneladas por ano. Cerca de 22% do mercúrio consumido anualmente em todo o mundo é usado pelos EEE. O mercúrio deteriora o sistema nervoso, causa perturbações motoras e sensitivas, tremores e demência, está presente em televisores de tubo, monitores e no computador. 
Bário:
  • O bário é um metal prateado usado nos painéis frontais dos tubos de raios catódicos, para proteger os usuários da radiação. Estudos têm demonstrado que as exposições curtas de bário causou crescimento e o endurecimento do cérebro, fraqueza muscular, danos cardíacos e do fígado. (SILICON VALLEY TOXICS COALITION , 2002) Segundo o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2010, a geração de lixo eletrônico cresce a uma taxa de aproximadamente 40 milhões de toneladas por ano em todo o mundo. E a maior parte desses resíduos tem condições de ser utilizada novamente ou de ser reciclada, mas o destino acaba sendo o pior possível. Por exemplo, nos casos dos computadores, segundo informações Greenpeace (2009), a vida média nos países desenvolvidos caiu de 6 anos, em 1997, para apenas 2 anos em 2005. No caso dos telefones celulares presentam um ciclo de vida menor que dois anos em países desenvolvidos– e as empresas produtoras trabalham com planejamento de ciclo de vida de até 6 meses para estes bens.
Aspectos Ambientais:
Aspectos Gerais:
  • Os resíduos eletrônicos constituem o maior grupo de crescimento de resíduos no mundo. Alguns pesquisadores estimam que, cerca de 75 por cento dos aparelhos eletrônicos velhos são armazenados, em parte devido à incerteza sobre como lidar com os materiais. A reciclagem de eletrônicos velhos economiza recursos e protege o meio ambiente porque não é necessário extrair metais novos. Além disso, alguns produtos eletrônicos contêm altos níveis de certos materiais como chumbo, cromo e cádmio, que torna os resíduos perigosos, quando descartados. São considerados perigosos televisores, PCs, monitores e baterias descartadas por ter compostos de chumbo, cádmio, PCB, cromo, bromo, etc. (PARLAMENTO EUROPEU, 2003
Segundo Nnorom, Osibanjo (2008), a ênfase nos problemas ambientais mudou de uma abordagem de “comando e controle” para uma responsabilização do produtor, onde a empresa deve responsabilizar-se pelo impacto ambiental de todo o ciclo de vida do produto, desde a extração da matéria-prima até a reciclagem, tratamento e disposição. Esta nova atividade tem sido chamada de Responsabilidade Estendida do Produtor (do inglês, Extended Producer Responsibility, EPR), a qual tende a priorizar a adoção de medidas preventivas em lugar das abordagens end-of-pipe (fim-de-tubo). Busca reconhecer todo o ciclo de vida e é orientada por metas, a fim de incorporar mecanismos de incentivo à melhoria contínua das indústrias em seus produtos e processos.
  • A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) em inglês (A Corporate Social Responsibility (CSR)) aplica o conceito segundo o qual as empresas integram preocupações sociais e ambientais nas suas operações e na sua integração com outras partes interessadas numa base voluntária. Resulta claro que todas as ações que empreende uma organização terão um efeito não apenas sobre si mesmo, mas também sobre o ambiente externo no qual a organização se encontra. (CROWTHER, ARAS, 2008)
Neste contexto a Greenpeace produz periodicamente uma guia de empresas de eletrônicos verdes, onde avalia as empresas líderes em eletrônica de consumo com base no desempenho e progresso em três critérios ambientais:
  1.  Energia e clima,
  2.  Produtos mais ecológicos e
  3.  Operações sustentáveis.
A pontuação da Guia para as empresas está baseada nas políticas gerais e práticas, não em produtos específicos. Assim consegue fornecer aos consumidores uma ideia real da sustentabilidade das maiores indústrias. Na Figura 2.9 mostram-se os resultados da guia no mês de novembro (GREENPEACE, 2012).

Tratamento Equipamentos elétricos e Eletrônicos:

Ott (2009), numa palestra apresentada no I Seminário de Resíduos Eletroeletrônicos, informou sobre os interesses dos Governos no tratamento dos resíduos, em especial dos resíduos de equipamentos elétricos e eletrônico. A ideia principal do tratamento com estes resíduos é manter uma alta taxa de reciclagem de produtos, a fim de não sobrecarregar os aterros sanitários, e, igualmente, preservar os recursos naturais. Além disso, manter sua política econômica, no que tange à condução do crescimento da indústria. O mesmo autor descreve o que chama de “sete pilares” dos sistemas de e-scrap (e- lixo) que correspondem a:
  • Existência de um fluxo de e-lixo;
  • Estrutura legal;
  • Responsabilidade;
  • Retorno;
  • Controle;
  • Financiamento;
  • Infraestrutura de reciclagem. A lei de resíduos sólidos brasileira, sancionada em 2010, prevê que o lixo eletrônico não poderá ser descartado em aterros e lixões a partir de 2014. Os fabricantes serão os responsáveis por dar o destino correto aos materiais que eles mesmos produzirem.
Outras considerações:
  • Segundo Shingo (1996), a produção enxuta é um sistema que procura a eliminação total das perdas num processo produtivo. A produção enxuta é presentado como uma solução para os processos que buscam alcançar a eficiência na elaboração dos produtos. Conforme Shingo (1996), a produção é uma rede de processos e operações, onde são transformadas matérias primas em produtos, a traves, de um fluxo de tempo e espaço físico.
 A prática do sistema enxuto, permite câmbios operacionais, que são reflexados em tempos e custos e que adaptam processos de melhoria continua.Os benefícios obtidos das boas práticas de sistemas enxutos nos processos resultam em vantagens no nível ambiental para as empresas. 
  • É assim, que o termo ambiente enxuto torna-se outro conceito importante nas busca de obter processos eficientes e redução de desperdícios e resíduos que afetem o meio ambiente. A adaptação de técnicas ambientais na manufatura surge da necessidade de contribuir com o meio.
Um dos maiores problemas que afetam o meio ambiente é a destinação final dos resíduos gerados nos processos produtivos. A sociedade atualmente pressiona às empresas em uma nova postura em relação a suas operações em três desafios definidos como:
  • Flexibilidade para a produção de produtos (peças e componentes) – que consigam atingir as diversas configurações de produção com rapidez. Da mesma forma que busquem respostas eficientes ao consumo que presenta cada vez maiores exigências;
  • Produtos com melhor composição ambiental, incluindo maior durabilidade no seu ciclo de vida útil – Por sua vez que presentem no desenho componentes o peças que possam ser substituídas, eliminando assim, o descarte total de peças e produtos completos que ainda apresentem vida útil ativa (ANDRADE, 2006).
Novas legislações – Indicam que a responsabilidade das fases finais dos produtos deverá ser a cada vez mais responsabilidade dos produtores, incluído a coleta de componentes contaminantes, como é visto hoje em dia com as baterias dos carros e celulares (ANDRADE, 2006; POLIDO, 2005).

Segundo Ministério do Meio Ambiente, guardamos, no Brasil, 500 milhões de aparelhos sem uso em nossas casas. É muito lixo eletrônico. Quando se pensa em mundo, então, o número é mais impressionante.