quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O Desenvolvimento do Turismo Sustentável

Goiás, tem fortes potencialidades em turismo aquático, ecoturismo, 
turismo de aventura e o turismo de eventos, dentre outros.

O Binômio: Turismo e Desenvolvimento Sustentável:
O Que É Turismo Sustentável?
Hoje em dia vivemos em meio às poluições, utilizamos os recursos naturais para atender nossas necessidades e na maioria das vezes nem nos damos conta de que o estamos fazendo.
  • Só nos lembramos que tudo parte da natureza quando paramos para ouvir os noticiários que imploram à população que cuide do meio ambiente e desses recursos para que não se esgotem. Ou quando se ouve falar em sustentabilidade, que é um assunto bem comum hoje em dia
Uma atividade que utiliza muito recurso natural é o turismo, que faz da natureza pontos turísticos e exige construções de infraestruturas para receber os visitantes, porém, tem havido uma série de propostas para amenizar esses impactos, de maneira a conciliar preservação da natureza com a expansão do turismo. E é estudando essas propostas que muitas pessoas confundem ecoturismo com turismo sustentável.
  • O Turismo Sustentável é uma maneira de manter essa infraestrutura sem atitudes ofensivas ao meio ambiente, atendendo às necessidades dos turistas e dos locais que os recebem de maneira simultânea, fazendo o necessário para atender a economia, a sociedade e o ambiente sem desprezar a cultura regional, a diversidade biológica e os sistemas ecológicos que coordenam a vida.
Estruturar um projeto de turismo sustentável não é uma tarefa fácil, e muito menos colocá-lo em prática, pois exige atitudes ambientalistas, regras de utilização dos recursos naturais, e um pensamento ecológico, o que se contrapõe ao encontrado hoje na maioria dos lugares.
  • Já quanto ao Ecoturismo, pode-se conceituar como a exploração de ecossistemas em seu estado natural, sua vida selvagem e sua população nativa, o que de certa maneira preserva esses ecossistemas constantemente visitados, mas não é estruturado para preservar o meio ambiente, mas sim para fins lucrativos.
O meio ambiente e a cultura são matérias-primas do turismo, que podem alavancar a economia, gerar empregos, e redistribuir divisas por meio da atração de fluxos de visitantes. Neste século XXI busca-se a sustentabilidade participativa, a organização, a conscientização, a profissionalização, visando à eficiência econômica, ao equilíbrio ambiental e à justiça social.
  • A atitude de um turismo sustentável vai ao encontro do desenvolvimento de uma atividade que expressa em todos os seus momentos a consciência humana com seus efeitos. Não há mais como afirmar a inexistência das consequências, por vezes negativas, de práticas galgadas em visões simplesmente econômicas, principalmente no que diz respeito ao meio ambiente, reconhecendo a limitação dos recursos naturais a serem explorados. 
Da mesma forma, não se pode esquecer o vínculo humano com sua cultura, com suas tradições, com sua história e colocar abaixo o cenário e organização social constituída na heterogênea sociedade contemporânea.
  • O turismo sustentável é composta pelas pilastras que formam o tripé do desenvolvimento sustentável: eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica, através disso as organizações associadas, o trade,também vem buscando uma série de normas e diretrizes para o desenvolvimento e administração da atividade turística. 
O desenvolvimento do turismo de forma sustentável é um grande paradigma, encarado como um desafio por especialistas na área, pois o crescimento descontrolado, muitas vezes visto como desenvolvimento de um destino turístico pode levar ao esgotamento dos recursos naturais, assim como, a descaracterização cultural e desequilíbrio social.
  • O enfoque positivo do desenvolvimento sustentável no segmento do turismo se dá na proposta de minimizar as tensões e os atritos criados pelas complexas interações entre o trade, os visitantes, o ambiente natural e as comunidades locais que recepcionam os turistas [...] Uma perspectiva que envolve esforço para a longa viabilidade e qualidade dos recursos naturais e humanos (apud GARROD; FYALL, 1998, p. 201).
O desenvolvimento em longo prazo é a finalidade da sustentabilidade, e para ter êxito, é necessária a interação da população local, e com isso, alcançar uma melhor qualidade de vida, podendo estabelecer uma relação harmoniosa entre turistas e anfitriãs. 
  • Gerando valores agregados por meio de leis de otimização e não da maximização das rendas, assegurando assim a inclusão e a coesão social e política num processo de desenvolvimento integrado e integral. Trás ainda em sua base a preocupação com a conservação, o meio físico e das formas de organização das comunidades receptoras, seus usos, costumes e tradições assim como participação nas fases de planejamento.
É notável em muitos destinos turísticos, a inexistência de planejamento, muitos empresários agem de acordo com seus próprios critérios e interesses, pode-se observar ainda um grande descaso por parte das administrações locais, em relação aos problemas do conjunto, onde favorece por consequência alguns poucos empresários. Para evitar esses acontecimentos
  • "... é preciso buscar o apoio da comunidade desde o início da organização territorial destinada a impulsionar o turismo. Sabe-se que é difícil, mas é possível, até imprescindível, para se alcançarem os resultados satisfatórios do desenvolvimento sustentável do turismo com base local." (Magalhães, 2002, p.90).
De acordo com a "Globe 90 Conference, Tourism Stream, Action Strategy Sustainable Tourism Development" (Vancouver, BC Canada).
"... o desenvolvimento do turismo sustentável pode satisfazer as necessidades econômicas, sociais e estéticas, simultaneamente as integridades cultural e ecológica. Pode ser benéfico aos anfitriões e para os visitantes enquanto protege e melhora a mesma oportunidade para o futuro. Essas são as boas notícias. Contudo, o desenvolvimento do turismo sustentável envolve tomado de medidas políticas vigorosas baseadas em trocas complexas aos níveis social, econômico e ambiental” (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO, 1993:51).
Princípios para o Desenvolvimento; 
Do Turismo de forma Sustentável
  • Conforme FYALL (1998) existem dez princípios que podem ser adotados para o desenvolvimento do turismo de forma sustentável em localidades alvo da atividade turística, todos focados de forma direta ou indireta na melhoria da qualidade de vida da comunidade receptora, pois não há possibilidade alguma de desenvolver o turismo em localidade sem que a comunidade desta esteja de acordo. 
Neles estão explícitas as atitudes necessárias para um turismo que seja sustentável, como se pode perceber:
  1. Usar os recursos com sustentabilidade: a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais, sociais e culturais são cruciais e faz sentido mantê-los para o futuro da atividade.
  2. Reduzir o excesso de consumo e o desperdício: a redução do excesso de consumo e desperdícios evita os custos de restabelecer em longo prazo danos ambientais e contribui para a qualidade do turismo.
  3. Manter a diversidade: manter e promover a diversidade natural, social e cultural é essencial para o turismo sustentável duradouro, e cria opções diversificadas para a atividade.
  4. Integrar o turismo ao planejamento: o turismo é integrado numa estrutura de planejamento estratégico nacional e local e que empreenda taxas de impactos ambientais aumentando a viabilidade em longo prazo da atividade.
  5. Apoia as economias locais: o turismo que apoia em largo alcance as atividades econômicas locais e que leva em conta seus valores e recursos ambientais protege essas economias e evita danos ambientais.
  6. Envolver as comunidades locais: o total envolvimento das comunidades locais no setor de turismo, não só beneficia a elas e ao meio ambiente em geral, mas também melhora a qualidade da atividade turística.
  7. O poder público e privado: a articulação entre o trade, as comunidades locais, as organizações e instituições ligadas ao turismo é essencial para elas trabalharem integradas, buscando solucionar potencias, conflitos e interesses.
  8. Qualificar mão de obra: a qualificação da mão de obra integra o turismo sustentável e práticas de trabalho, na medida em que recruta mão de obra local em todos os níveis, melhorando a qualidade do produto turístico.
  9. Comercializar o turismo com responsabilidade: o marketing que promove o turismo com ampla e responsável informação aumenta o respeito por ambientes naturais, sociais e culturais das áreas receptoras e aumenta a satisfação dos visitantes.
  10. Desenvolver pesquisas: a realização de pesquisas e o monitoramento da atividade através de dados e analises são essenciais para ajudar a resolver problemas e trazer benefícios para os espaços receptores, para o turismo e seus receptores.
Propostas de Práticas de Turismo Sustentável:
Desenvolvimento Turístico Sustentável:
  • A sustentabilidade turística passa por três níveis de análise – o ecológico, o sociocultural e o econômico (WTO 1993) – garantindo o desenvolvimento ambiental; atribuindo autonomia às comunidades locais, preservando a cultura e os valores de origem e reforçando a identidade dos membros da comunidade e, por fim, salvaguardando o desenvolvimento econômico através de uma gestão dos recursos disponíveis que garanta as gerações futuras. 
Estes são princípios defendidos explicitamente na Carta do Turismo Sustentado que defende que a prática turística se deve basear em critérios de sustentabilidade econômica, ecológica, ética e social, ou seja, integrar os ambientes natural, cultural e social. 
  • A análise das práticas do turismo tem sofrido mudanças ao longo do tempo visto que as práticas turísticas têm evoluído bem como as motivações dos seus praticantes. 
A prática turística surge associada a um princípio elitista e terá surgido a partir do gosto, da curiosidade e do prazer de descobrir outras pessoas e outros lugares, culturas ou costumes.
  • De acordo com a Organização Mundial do Turismo (WTO) a capacidade de carga ecológica significa o nível a partir do qual ocorrem impactos ecológicos negativos e com consequências prejudiciais para o futuro; a capacidade de carga turística representa o nível a partir do qual as experiências dos visitantes se revelam insatisfatórias; a capacidade de carga social é o nível a partir do qual ocorrem mudanças sociais inaceitáveis no grupo de origem/comunidade local ou de acolhimento.
A nova procura turística é o resultado de um conjunto de alterações de âmbito vário – político, econômico, ecológico (Davidson 1992) e social perceptíveis a partir da década de 80, passando a valorizar-se a problemática ambiental, também no sector das viagens, resultante dos impactos negativos da massificação turística dos anos 70. 
  • É o período do small is Beautiful no que respeita ao turismo (Joaquim 1997: 74) em que os ditos hotéis verdes ganham um lugar de destaque através da aplicação controlada e da gestão apropriada de recursos escassos sem pôr em causa o bem estar dos visitantes (Vieira 1997), mas também sem degradar o ambiente natural em que estão inseridos e dos quais fazem o seu modo de vida.
A dimensão da responsabilização é inerente ao conceito de turismo alternativo, ou seja, ele é entendido simultaneamente como prática responsável e tendencialmente sustentável. A sustentabilidade turística pressupõe a valorização do presente sem comprometimento do futuro, ou seja, a deslocação e a procura do diferente hoje é de valorizar sem que seja posta em causa a possibilidade de deslocações futuras. 
  • Este critério pressupõe, por parte de visitante, o respeito e a valorização in loco das características encontradas aquando de uma deslocação turística, não só ambiento-naturais como também socioculturais.
O turismo responsável é entendido como adequado, preocupado, sustentável, suave e não agressor, que privilegia o individual ao grupo estruturado e organizado, o operador local especializado que personaliza os serviços prestados ao agente internacional (Joaquim 1997) que promoveu anteriormente a massificação. 
  • Da mesma forma, emprega recursos locais, normalmente geridos pelas comunidades de acolhimento; privilegia o contato direito e autêntico entre as populações locais e o visitante valorizando o entendimento entre os dois atores envolvidos a partir do pressuposto de que são parceiros, com expectativas diferentes mas não opostas, numa mesma relação; privilegia o desenrolar das atividades entre quem visita e quem é visitado sem pôr em causa o ambiente (Davidson 1992; Joaquim 1997).
O turismo responsável foi formalmente ratificado na Conferência de Tamanrasset em 1989, respeitando não apenas à prática turística em si, atribuível ao visitante, mas passando também pela produção, pelo conjunto variado de infraestruturas que estão subjacentes e que permitem a existência de visitantes num determinado local. O conceito de sustentabilidade turística está diretamente associado ao discutido, e hoje defendido por inúmeras razões, desenvolvimento sustentável. 
  • Na base, o desenvolvimento sustentável-durável (developpement soutenable-durable) é largamente equacionado no Nosso Futuro Comum, vulgarmente denominado por Relatório Bruntland datado de 1987 (Hantem, 1990), conceito mais tarde utilizado como referência teórico conceitual (conforme Pearce; citado por Hantem, 1990) no campo econômico, ecológico e social relacionado com a luta contra a pobreza. 
Na origem, as preocupações ambientais remontam à década de 70 com os estudos do Clube de Roma, a problemática do crescimento zero e a esgotabilidade de recursos naturais, tendo evoluído para pensamentos ambientalistas e ecologistas com a equação do conceito ecodesenvolvimento e self-reliance ambiental pressupondo equidade econômica, equilíbrio ambiental e bem-estar social (Chaves1994).
  • A Carta do Turismo Sustentado resultou da 1ª Conferência Mundial sobre o Turismo Sustentado realizada em 1995, promovida pela Ecotourism Society. Diz que o aspecto humano do turismo deve levar em consideração os efeitos na cultura tradicional; ser uma prática planeada no que respeita aos efeitos futuros. A estratégia de desenvolvimento turístico ideal (UNESCO 1997) deve combinar – a satisfação das populações locais, o sucesso da experiência turística e as condições ótimas de salvaguarda do patrimônio cultural e ambiental. 
Por um lado, o visitante procura a maior qualidade e autenticidade possível, que a cultura permaneça viva e que os recursos naturais sejam preservados. 
  • Por outro lado, a população local deve poder retirar vantagens econômicas bem como satisfação da atividade turística; deve ser capaz de aperfeiçoar os saberes-fazer e desenvolver atividades artesanais tradicionais; as autoridades nacionais e locais devem retirar mais valias econômicas através de impostos diretos e indiretos. 
O que está em causa não é apenas a adequação do visitado ao turista, nem do turista às comunidades de acolhimento, de forma unidirecional, mas antes a inter-relação entre os dois atores considerados e envolvidos na prática, de forma duplamente direcionada e promotora de mudanças. 
  • Assim, o nível local passa a ser cada vez mais objecto de interesse do ponto de vista turístico - as cidades, mas principalmente as aldeias comunitárias, as áreas rurais e as aldeias piscatórias (WTO, 1993).
As práticas turísticas alternativas, responsáveis e sustentáveis relacionam o desenvolvimento com a promoção do local, a partir da conjugação do fator natural com o humano - leia-se o meio ambiente e as comunidades locais. 
  • O crescimento econômico não é minimizado nem está ausente na perspectiva alternativa; é privilegiada a prosperidade econômica, presente e futura dos países receptores dos fluxos turísticos, baseados no contato entre culturas diferentes, no respeito pela identidade e autenticidade das comunidades locais, na tolerância mútua entre visitantes e visitados; na salvaguarda do meio natural e arquitetônico. 
É mesmo defendido que só com desenvolvimento econômico é possível investir localmente na preservação, seja natural e ambiental, seja humana, social e cultural.
  • De uma forma sistemática podemos apresentar as principais diferenças entre o turismo dito de massas e o alternativo, enunciadas por Weaver (conforme Vieira, 1997), destacando as características referentes a este último. 
Assim, o turismo alternativo não é geograficamente localizado, mas sim disperso, ou seja, podemos falar não só do turista e do viajante como também no sector do turismo e das viagens visto que a cada estrato categorial corresponde um ator específico e com características próprias, apesar de se tratar de indivíduos que se deslocam no espaço para além do local de residência habitual, por períodos variáveis de tempo e com objetivos relacionados com o lazer (World Tourism and Travel Council, 1999).
  • O Viajante e as Comunidades Locais, os critérios que estão na base da definição do Turismo Responsável estão sistematizados no recém-aprovado, pela Organização Mundial do Turismo. Serve-nos de embasamento o Código Ético Mundial para o Turismo, apresentado e ratificado pela Organização Mundial do Turismo (World Tourism Organization – WTO) em Outubro de 1999, 
O objectivo imediato do código é regulamentar as práticas turísticas dos estados membros da WTO através da identificação de um conjunto de procedimentos a seguir pelos diferentes atores envolvidos na atividade. 
  • O Código Ético Mundial para o Turismo procura orientar e regulamentar as atividades turísticas e das viagens bem como as práticas que lhe estão subjacentes levadas a cabo por qualquer um dos atores socioeconômicos envolvidos - agentes turísticos, visitantes e comunidades de acolhimento, entendidas como locais e nacionais.
Neste caso, privilegiaremos um dos atores relativamente aos restantes – o visitante. O Código tem por principal objectivo a promoção de uma ordem turística mundial equitativa e sustentável partindo do princípio de que, se existir um conjunto de regras e normas aceites pelos estados-membros, será mais exequível o desenvolvimento sustentável com base no turismo responsável.
  • O Código foi ratificado com o objectivo do desenvolvimento econômico, social e cultural dos países com base na atividade turística, entendida também como meio potencial de incentivo à paz a nível internacional porque mecanismo privilegiado de entendimento entre os povos – que viajam e que recebem – através de troca de experiências, conhecimentos e culturas. 
Assim, dá continuidade aos pressupostos contidos na Conferência de Manila de 1980 e 1997, respectivamente sobre o turismo mundial e os impactos sociais do turismo; à Carta do Turista e ao Código do Turista aprovados em Sofia em 1985 pela WTO.
  • O turismo é entendido como um dos principais mecanismos susceptível de promover sustentabilidade. Neste sentido é privilegiado o contato controlado com a natureza de forma a ser obtido o crescimento econômico necessário ao desenvolvimento; à satisfação das necessidades das comunidades locais sem ser posto em causa o das gerações futuras. 
Para que este contato seja planeado, gerido e controlado é necessário que as deslocações turísticas não tenham um carácter de sazonalidade, mas antes que se distribuam de forma equilibrada ao longo do ano de forma que os impactos ambientais e culturais sejam minimizados e reduzidos.
  • A sustentabilidade tem ainda outras vertentes – os complexos/empreendimentos turísticos deverão estar enquadrados na envolvente de forma a não a degradar do ponto de vista ambiental, visual e arquitetônico passando a recorrer-se a materiais existentes localmente. 
O que está em causa não é apenas a ação do turista/viajante, mas também a dos próprios agentes turísticos que nem sempre aceitam limitações e restrições ao desenvolvimento da atividade. Os recursos turísticos, sejam naturais ou culturais, são entendidos como patrimônio comum da humanidade. 
A atividade turística responsável e alternativa deve então aproveitar dos recursos dos direitos mas também e acima de tudo os deveres dos atores envolvidos em relação à conservação e preservação ambiental, arquitetônica e cultural, através de valorização, sem desgaste e sem degradação.

O Desenvolvimento do Turismo de forma Sustentável

  • O turista responsável é aquele que se preocupa com a viagem no sentido de se informar acerca das características do país que vai visitar, no que respeita aos traços geográficos, ao clima, às condições sanitárias e de saúde pública.
Do lado das comunidades locais, deverá também existir respeito pelos modos de vida dos turistas, seus traços culturais, gostos e expectativas com acolhimento hospitaleiro.
  • O Turismo Responsável é então o resultado do intercâmbio, da troca de bens, serviços, conhecimentos e experiências, em que todos os atores, por estarem envolvidos, têm direitos e deveres; têm uma função a desempenhar e, por isso, são imprescindíveis. 
Assim, agentes turísticos (de viagens), visitantes/viajantes/turistas e comunidades de acolhimento/receptoras podem se integrar de forma harmoniosa e enriquecedora para todos os atores envolvidos no sistema turístico.
  • É certo que muito ficou por dizer no sentido do aprofundamento teórico e conceptual da evolução da prática turística, das motivações que lhe estão subjacentes e dos impactos sociais, econômicos e ambientais.
Devido aos avanços tecnológicos, aprimoramento dos transportes, comunicação facilitada, enfim, as consequências que a globalização proporcionou às pessoas e aos serviços, grandes mudanças na maneira das pessoas interagirem entre si e com o meio em que vivem foram se modificando. 
  • Problemas como mudanças climáticas globais, desmatamento, perda da biodiversidade e diversidade cultural, pobreza e reestruturação econômica aparentemente parecem ser de natureza meramente econômica, todavia englobam não só os recursos financeiros, mas também as consequências que os mesmos podem gerar aos seres humanos e refletir na sua qualidade de vida.
O mundo entrou em uma fase onde os países começaram a se preocupar mais com os danos que estavam causando ao meio ambiente em seus territórios, principalmente nos países em desenvolvimento. A economia, a sociedade e o meio ambiente estão indissociavelmente relacionados, enfatizando cada vez mais, os conceitos holísticos (conforme CAPRA, 2001). No âmbito do Turismo, estes se fazem constantemente presentes. 
  • Segundo Ruschmann (1997), os conceitos de turismo sustentável e desenvolvimento sustentável se encontram completamente interligados à sustentabilidade do meio ambiente, principalmente nos países em desenvolvimento. Isto ocorre devido ao desenvolvimento do turismo estar ligado a disponibilidade dos recursos de base existentes. 
Vale salientar que os recursos naturais nestes países, muitas vezes, estão danificados ou se deteriorando por falta de medidas governamentais e implantações de planos que visem a sua conservação.
  • O Turismo, com a sua variedade de segmentos e magnitude pode ser uma ótima alternativa sustentável para alguns dos problemas citados anteriormente. Pois ele dissemina uma consciência ecológica mais saudável, cria programas de conscientização da população em relação ao patrimônio turístico sociocultural e ambiental do lugar onde vivem, incentiva órgãos públicos e privados a adotar medidas benéficas ao meio ambiente como, por exemplo, uso de energias alternativas, filtros que não disseminam gases poluentes, programas de reciclagem entre outros.
O turismo sustentável e mesmo o ecoturismo são maneiras de proteger a vida mantendo a economia ativa, uma forma de unir responsabilidade ao desenvolvimento, sendo mais um passo para o tão almejado desenvolvimento sustentável.
  • No exterior também encontramos cidades que já adotaram o turismo sustentável como Oeiras em Portugal, Rimini na Itália, Nuernberg na Alemanha, Gent na Bélgica, Cremona e Réggio Calabria na Itália, Antalya na Turquia, Viareggio na Itália, Namur na Bélgica, Termoli na Itália e Salsomaggiore Terme também na Itália, todas componentes da Rede Europeia de Cidades para o Turismo Sustentável organizado no dia 8 de fevereiro de 2010 numa reunião em Bruxelas, a fim de proteger seus patrimônios naturais de um turismo mal estruturado.
Ao longo do tempo as práticas turísticas têm sido alvo de inúmeros estudos e de diferentes abordagens, em função das tendências do fenômeno a nível internacional, nacional, regional ou local; das motivações que levam o homem a procurar ambientes diferentes do seu, e muitas vezes distantes no espaço, para estadias de duração limitada no tempo; da(s) ideologia(s) dominante(s), entre outros aspectos. 
  • É um fenômeno com variedade de formulações científicas apesar de serem transversais e, por isso, complementares. Para muitos países considerados emergentes, como é o caso do Brasil, o turismo tornou-se um grande trunfo para o processo de desenvolvimento. Como tal, a maioria dos indicadores do desenvolvimento focaliza as mudanças no Produto Interno sob a perspectiva do desenvolvimento. 
Qualquer forma de desenvolvimento econômico requer um planejamento cuidadoso para atingir os objetivos implícitos ou explícitos, que são à base do desenvolvimento (COOPER et al, 2001). 
  • Essa premissa explica que o processo de planejamento do desenvolvimento envolve um cruzamento amplo de participantes que podem trazer consigo objetivos conflitantes. Além dos problemas econômicos básicos, a maioria dos países em desenvolvimento é caracterizada pelo rápido crescimento da população, sendo comum que a população seja principalmente formada por jovens. 
Essas pressões da população não apenas têm conseqüências econômicas, mas também políticas sobre os governos, que precisam gerar mais empregos a fim de absorver as crescentes demandas (LICKORISH; JENKINS, 2000).
  • O Planejamento é mais do que necessário para encontrar um equilíbrio entre os interesses econômicos que o turismo estimula e as ações que devem ser propostas para que o meio ambiente seja preservado. As medidas devem ser adotadas não só ao patrimônio natural, mas também aos produtos que se estruturam sobre os atrativos e equipamentos turísticos. Portanto, é imprescindível a implantação de:
(...) um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação da evolução tecnológica e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas (RUSCHMANN 1994 apud ROSE, 2002, p. 51).
Justifica-se que se o homem agir sem pensar nas suas consequências, não existirá ambiente e nem recursos para o mesmo sobreviver futuramente. 
  • Portanto, é necessário analisar algumas características da demanda potencial e real; da oferta e do produto turístico propriamente dito para elaborar planos eficazes que aliviem as deficiências e aprimorem as fortalezas.
Os visitantes são caracterizados como demanda turística, esta é denominada também, de procura turística (LAGE e MILONE, 1999) e é a demanda real. E segundo a OMT (2001, p.53), a demanda é “o processo de tomada de decisões que as pessoas realizam constantemente no processo de planejamento de suas atividades de lazer:
 (...)”. E ainda, a demanda é: “(...) a quantidade de bens e serviços turísticos que os consumidores desejam e estão dispostos a adquirir por um dado preço e em um dado período de tempo (LAGE e MILONE, 1999, p.27)”. 
E a demanda potencial são aquelas pessoas que tem vontade e querem conhecer o destino, mas que por algum motivo não o fazem. 
  • A demanda varia de acordo com a influência de fatores, tais como: preço; renda do consumidor; investimentos em divulgação; modismos; variações climáticas; catástrofes naturais e artificiais; e disponibilidade de tempo (ROSE, 2002).
A demanda turística só é possível existir se houver os elementos que a compõe conforme podemos constatar a seguir de forma sequenciada: Primeiramente para existir demanda, deve-se existir oferta que se caracteriza como:
(...) o conjunto de recursos naturais e culturais que são em suma, os grandes responsáveis pelos deslocamentos e permanência, durante um determinado período do tempo, de um público visitante. Estes recursos estão disponíveis independentemente da ação do homem e constituem a matéria-prima da atividade turística. A eles agregam-se os equipamentos, bens e serviços que dão consistência ao consumo que, em uma estrutura de mercado, definem oferta turística no seu sentido amplo (ROSE, 2002, p.45).
Ainda temos o produto turístico que conforme Veloso (2000, p.6): “(...) um conjunto de atrativos, acessos, de bens e de serviços turísticos, disponíveis ou ofertados de forma organizada ao consumidor”. Vale destacar que para satisfazer as suas necessidades.
  • Temos também conforme Valls (1996, p.225) o destino turístico “(...) é um aglomerado de produtos turísticos, e estes produtos que o compõe, são basicamente a infraestrutura, os serviços e os recursos naturais e culturais do destino em questão”.
Conforme Cooper (2001, p.136) destino é “o foco de instalações e serviços projetados para atender às necessidades do turista”. De acordo ainda com Cooper (2001), a destinação une os principais ícones da atividade turística, como a demanda, a oferta, os transportes e o marketing turístico, em uma só estrutura.
  • A destinação é onde ocorrem os elementos mais significativos do turismo. E onde a indústria que lida com o afluxo de turismo está localizada: ou seja, onde se encontram as atrações e todas as outras instalações de apoio que o visitante necessita (Cooper et al, 2001, p. 136).
Um aspecto que deve ser priorizado nas destinações turísticas é a qualidade dos serviços e dos produtos. É imprescindível manter em bom estado o que é ofertado e também, o bom atendimento ao turista. Pois, caso o mesmo retorne a localidade, ele deve encontrar a mesma qualidade em serviços e bens que o destino oferecia antes, e se possível, com melhorias e diferenciais.
  • A sustentabilidade no turismo é utilizar os recursos existentes sem danificá-los, estabelecendo uma capacidade de carga em ambientes naturais, por exemplo. Para que isso ocorra ordenadamente, o planejamento é um componente fundamental a ser trabalhado em ambientes turísticos.
O planejamento é um conjunto de idéias e propostas baseadas no passado, no presente e no futuro. Este é entendido como uma ordenação das atuações do ser humano sobre o território e como o mesmo edifica e direciona a instalação e construção de equipamentos e facilidades adequadamente, acabando ou mitigando os efeitos negativos (RUSCHMANN, 1997).
  • Todo o conjunto do planejamento é composto por um levantamento de dados do local, sua situação atual (diagnóstico), e partir daí, é elaborado um prognóstico que projeta o comportamento esperado e perspectivas futuras favoráveis ou não (RUSCHMANN 1994 apud ROSE, 2002).
O prognóstico é composto de diretrizes para melhorar a qualidade e a capacidade dos equipamentos existentes, aperfeiçoar e consolidar a imagem do local ou mesmo, implementar novos bens e serviços. Todas estas medidas devem ser baseadas em leis ambientais e turísticas existentes e de acordo com a legislação nacional. Esta parte do projeto visa o potencial da área e da demanda futura, o nível que se quer alcançar, estruturando assim, normas para as atividades e objetivos para sua consolidação.
  • Deve-se visar à preservação dos ecossistemas, da diversidade biológica e suprir as necessidades sociais e econômicas, a conservação da identidade cultural, das tradições locais e dos costumes, pois estes são aspectos primordiais do planejamento. 
Este deve ser implantado gradualmente para que a comunidade se adapte gradualmente às novas condições de vida e de um convívio com outras culturas divergentes e até “estranhas” se comparadas com a sua própria.
  • O turismo é totalmente dependente da interação do homem com a natureza, portanto não se pode ignorar o fato de que a mesma precisa de cuidados. O turismo não é uma máquina de emissão de dinheiro despreocupada em relação as suas ações, vale citar que existem responsabilidades ambientais a serem consideradas, sempre. 
Por isso o planejamento é imprescindível antes de qualquer implantação de atividade turística, pois este é um instrumento minucioso e cauteloso que conscientiza a população local e o próprio turista, para que os mesmos não deteriorem o patrimônio natural e histórico-cultural existentes em determinada região.

Outras Considerações:
  • O turismo promove uma série de alterações para a região receptora, aumenta a renda do lugar visitado através da entrada de divisas, estimula os investimentos, gera novos empregos, redistribui a riqueza, promove a integração entre povos de regiões, línguas, hábitos e gostos diferentes, em contrapartida podem trazer aspectos negativos também. 
Não se admite mais uma ação sem ponderar sobre suas consequências, pois na grande transformação desse mercado, sendo ele o responsável por envolver diversas áreas sociais, o mesmo vem acompanhado de alterações legais e de comportamento dos consumidores, o que vai exigir a qualificação cada vez maior dos responsáveis por tornar, ou não, o turismo uma fonte positiva para a sociedade.
  • Considerando se tratar de uma área em franco desenvolvimento, com tamanha importância tendo em vista sua capacidade de geração de trabalho e renda a partir da realidade social contemporânea, tem-se nesse sentido um mix de possibilidades, alternativas, necessidades e responsabilidades que envolvem todos os atores do mercado turístico. 
Eles, em frente ao grande desafio de tornar o turismo uma fonte social natural sustentável, necessariamente estão obrigados às ações de análise e planejamento da capacidade turística à qual estão expostos. 
  • É fundamental a integração do setor publico e privado, para estabelecerem objetivos e metas em relação ao tipo de turismo desejado e às políticas adotadas, que visando mitigar as alterações oriundas da atividade turística massiva e exploratória baseados na sazonalidade inerente ao mesmo. 
E somente através do planejamento e da aplicação de conhecimentos especializados, as alterações causadas ao meio podem ser revertidas, de forma que se possa compatibilizar a integração da atividade turística com a manutenção da qualidade do meio ambiente de maneira sustentável.
  • As pessoas devem se conscientizar e modificar essa mentalidade capitalista que visa apenas a competição e a concorrência, agindo de uma forma mais humana, mais holística e altruísta. Pois é através da educação, da cidadania e dos valores que uma sociedade transmite às pessoas que se pode aprender a dar o primeiro passo. O ensino, a tecnologia e a ciência devem ser utilizados como instrumentos fundamentais para que a sociedade e o mundo caminhem sustentavelmente.
A busca do turismo sustentável preza sempre a qualidade de vida, todavia é muito difícil de ser alcançada sem a utilização da tecnologia e principalmente, em países em desenvolvimento que não detém tantos recursos disponíveis.
  • O objetivo principal deste artigo científico foi o de levantar dados e reflexões a cerca do turismo e os seus aspectos positivos e negativos e apresentar a proposta do mesmo estar atrelado a um desenvolvimento sustentável tendo como base a sustentabilidade turística como agente de otimização dos benefícios advindos de uma atividade turística responsável e que sirva de medida preventiva de possíveis impactos negativos causados por uma atividade turística desordenada mediante a condição de ação mitigadora de efeitos degradativos do turismo tradicional ou massivo nas localidades alvo decorrência de grande demanda turística.

O Desenvolvimento do Turismo de forma Sustentável