sábado, 1 de outubro de 2016

O gás de xisto

O gás de xisto

  • O gás de xisto (também conhecido como “gás não convencional”), é um gás natural encontrado internamente em uma espécie de rocha sedimentar porosa.
Com relação às suas qualidades, o gás de xisto é praticamente o mesmo que o gás tradicional derivado do petróleo, que tanto utilizamos nas mais variadas atividades e funções cotidianas.
  • Todavia, seu grande benefício está em sua forma de produção, uma vez que ele se encontra comprimido em pequenos pedaços dentro das rochas. Dessa forma, para sua retirada, se faz necessária a utilização de pressão hidráulica para que pequenas fraturas na rocha sejam criadas, num processo denominado “fraturamento”.
A partir do processo de fraturamento realizado no interior da rocha, pode-se então coletar o gás de xisto. Vale ressaltar que o processo de fraturamento, que embora pareça simples e de fácil realização, necessita, na realidade, de uma avançada tecnologia, utilizada tanto para perfurar como para estimular as zonas da rocha que englobam o gás.
  • Muito embora a tecnologia empregada para retirada do gás de xisto seja de fato dispendiosa, atualmente ela já não representa tantos custos, uma vez que há uma grande demanda de mercado para o gás de xisto.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a utilização do gás de xisto é feita de maneira incessante, tanto que, hoje, esse gás já chega a suprir em torno de um quarto das necessidades energéticas do país. Principais aplicações do gás de xisto: 
  • Aquecimento de casas; 
  • Geração de eletricidade; 
  • Diversas aplicações em fábricas e indústrias. 
Ainda que o gás de xisto represente uma possibilidade energética para muitos outros países além dos Estados Unidos, a realidade é que há ainda a questão da modificação da matriz energética para sua ampla utilização, ou seja, a adaptação de toda a infraestrutura atual e seus consequentes custos operacionais.
  • Há ainda pesquisadores e ambientalistas que alegam que a extração em larga escala do gás de xisto pode vir a causar diversos problemas ambientais, como, por exemplo, a contaminação dos lençóis freáticos.
Todavia, vale ressaltar que esse possível risco, contudo, não é inferior aos riscos de extração e produção convencional em mar, onde também há possibilidade de vazamentos.

Compostos químicos: 
Usados na produção do Gás de xisto:
  • Os compostos químicos usados na extração do gás de xisto, resulta de uma incerteza, pois uma parte dos produtos químicos usado, está sobre segredo industrial, por isto, pode haver uma certa distorção sobre produtos químicos usados. 
Os compostos químicos mais usados na extração do gás de xisto, como aditivos no fluido do fraturamento hidráulico, entre 2005 e 2009, são:
  • Metanol (álcool metílico) 
  • Isopropanol (álcool isopropílico, Propan-2-ol) 
  • Sílica cristalina - de quartzo (SiO2) 
  • Etileno-glicol de éter monobutílico (2-butoxietanol) 
  • Etileno-glicol (1,2-etanodiol) 
  • Destilados de petróleo leve tratada com hidrogênio 
  • Hidróxido de sódio (soda cáustica). 

O gás de xisto

História do Gás de xisto:
  • O conhecimento e utilização do xisto como um recurso energético data do final do século XVIII, quando na costa leste dos Estados Unidos, com pequenas usinas que extraíam petróleo de xisto. Isto mesmo, a primeira exploração do xisto como fonte energética, foi o petróleo de xisto. 
Já o gás de xisto, teve seu início em 1920 na antiga União Soviética, numa região onde hoje está a Estônia, onde foram implantadas fábricas de alcatrão, benzina e gás. A cidade de Tallinn era iluminada com o gás de xisto, vindo do município Kohtla-Järve.
  • No Brasil, a primeira tentativa de se utilizar o xisto como fonte energética foi na cidade de Codó (MA) por Gonzaga Campos, no final do século XIX, que montou uma destilaria para fornecer gás à cidade de São Luís. Tal tentativa fracassou e após muitos anos, em 1922, São Luís foi iluminada durante quase um mês com gás, resultado do xisto processado em Codó.
Em 1881, no Vale do Paraíba, no estado de São Paulo, teve o surgimento de um empreendimento para fornecer gás à cidade de Taubaté. No começo teve algum sucesso, mas logo acabou fracassando após troca de proprietário, investimento sem retorno e deficiência técnica. Após o fracasso, o gás de xisto foi esquecido. 
No ano 2000, a produção americana de gás de xisto passou de zero para {\displaystyle {\frac {1}{4}}} do gás natural e deverá chegar à metade em meados de 2030, de acordo com dados do Instituto de Políticas Públicas James A. Baker, da Universidade Rice em Houston, no Texas.
Jazidas de xisto no Brasil:
  • Algumas bacias sedimentares com potencial de gás não convencional no território brasileiro são Bacia do Parnaíba (xisto cretáceo da formação Codó - Maranhão), Bacia do Recôncavo, Bacia do São francisco (xisto permiano da formação Santa Brígida - Bahia), Bacia Parecis (xisto permiano da formação Irati), Bacia do Paraná (xisto permiano da formação Irati) e Bacia da Foz do Amazonas (xisto devoniano da formação Curuá no Pará, Amazonas e Amapá).
Jazida de xisto na Argentina:
  • A maior reserva de xisto argentino está em Vaca Muerta ( Bacia de Neuquén ).
Jazida de xisto nos Estados Unidos:
  • A maior reserva de xisto americano é a formação de Green River que se estende entre três estados americanos Colorado,Wyoming, e Utah. Temos ainda jazida em Mowry, Niobrara, Baxter, Mancos, Monterey, McClure, Cane Creek, Hovenweep Lewis e Mancos, Pierre, Palo Duro, Barnett, Pearsall, Woodford, Haynesville/ Bossier, Caney and Woodford, Fayetteville, Floyd e Conasauga/Neal, Chattanooga, Huron, Marcellus, Utica, Horton Bluff, Antrim, New Albany, Excello/Mulky, Bakken, Gammon.
Emissões e tremores:
  • Em maio de 2010, o Conselho dos Presidentes de Sociedades Científicas, entidade que congrega cerca de 1,4 milhão de cientistas, alertava em carta ao presidente Obama que a política nacional de incentivo ao gás de xisto seria temerária, na falta de maior embasamento científico, e que a atividade poderia ter um impacto no aquecimento global bem maior do que anteriormente estimado.
De fato, em fins de 2010, a Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana, em seu relatório de atualização sobre as emissões de gases de efeito estufa da indústria de óleo e gás local concluía que a extração de gás de xisto emite mais metano que aquela de gás convencional.
  • No ano seguinte, um estudo publicado na Climatic Change Letters, previsível e vigorosamente contestado pela indústria, aponta que a produção de eletricidade com gás de xisto emite tanto ou mais gases de efeito estufa ao longo de seu ciclo produtivo quanto àquela baseada em gás ou carvão.
Pesam ainda sobre a atividade a suspeita de ter culpa no cartório no aumento significativo na frequência de tremores de intensidade igual ou superior a 3 na escala Richter na região central do continente norte-americano. O serviço geológico dos Estados Unidos, coletando dados desde 2001, concluiu que a atividade sísmica na região, em 2011, seria seis vezes superior à média do século 20.
  • Um pesquisador do Centro para Pesquisa e Informação sobre Terremotos dos EUA, da Universidade de Memphis, opina que a injeção de água em falhas geológicas tende a causar sismos devido ao escorregamento das mesmas. Há pelo menos um caso de sismo inequivocamente relacionado à extração de gás de xisto, no noroeste da Inglaterra, em 2011. Ele levou a empresa Cuadrilla Resources a suspender todas as suas operações

O gás de xisto